Supermercados veem cenário menos favorável no próximo ano

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Retração econômica e desaquecimento do consumo já afetam negócios



Apesar das perspectivas de crescimento para o setor supermercadista no fechamento deste ano, a combinação de cenário de retração da economia com o desaquecimento do consumo das famílias já está afetando os negócios e poderá dificultar a obtenção de resultados positivos no ano que vem. O resgate da produtividade seria o caminho mais adequado para o crescimento sustentável das empresas brasileiras e a postura do presidente do país, a ser definido no próximo dia 5 de outubro, poderá fazer toda a diferença.

O alerta foi feito por especialistas econômicos e do setor no "Painel Economia - perspectivas e tendências da economia brasileira e seus impactos sobre o autosserviço", que encerrou as atividades da Convenção 2014 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em Atibaia (SP).

O presidente da Associação Mineira de Supermercado (Amis), Alexandre Poni, foi o moderador do debate e falou sobre a importância do otimismo diante um cenário econômico adverso. Para ele, o mais importante neste momento é a adoção de ações que visem a sustentabilidade econômica dos negócios, por meio de oportunidades.

"Vai ser um ano literalmente novo. Mas se dependermos de política, não vamos fazer nada. Já estamos há anos no mercado, passamos por vários governos e continuamos nosso trabalho independentemente de quem estivesse à frente do poder. E tem que continuar assim: o varejo não tem que se reinventar, mas criar outros canais que o aproxime do consumidor", afirma.

Também participaram da discussão sobre a economia nacional, o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, o diretor de gerenciamento da Kantar WorldPanel Brasil, Marcos Calliari, e o consultor econômico Alexandre Schwartsman.

Exterior - Kawall destacou estudos que mostram a recuperação das chamadas economias desenvolvidas, como a europeia e a americana, e a desaceleração das emergentes, como é o caso do Brasil e da China, nos últimos anos. Segundo ele, basicamente, 2015 trará consigo um cenário bastante desafiador.

"Desde a crise de 2008 o Brasil teve dois fatores a seu favor: a valorização das commodities e a redução das taxas de juros. Mas, agora, isso já não é mais real e a partir do ano que vem teremos a continuidade da desvalorização dos preços dos insumos brasileiros e a continuidade da elevação dos juros", diz. Em síntese, conforme o economista, esses fatores somados à tendência de estagnação do consumo estão culminando com a falta de confiança no país, tanto por parte do consumidor quanto pelos empresários.

Schwartsman, por sua vez, relaciona esse baixo nível de confiança dos empresários à perda de fôlego da produtividade dos segmentos produtivos e destaca que esse é um dos principais causadores da diminuição do ritmo de crescimento da economia brasileira. Conforme o consultor econômico, enquanto no fim da década passada, a média de produtividade brasileira crescia entre 1,5% e 2% ao ano, agora o nível está abaixo de 1%.

"O baixo nível de investimentos no país é um dos causadores deste movimento. E a falta de confiança dos empresários no ambiente de negócios só piora essa situação. Para mudar isso, não há outro caminho a não ser a alteração da estrutura da produtividade, que obrigatoriamente pede que o país volte a se engajar em premissas como reforma tributária, política, trabalhista, entre outras", alerta.


Inovação - Por fim, Calliari ponderou que este cenário não é definitivo e que existem soluções para driblar a situação e fazer a diferença no mercado perante a desaceleração na economia. Ele cita que muitas empresas estão encontrando medidas ao investir em inovação. " preciso fazer a diferença e conquistar o cliente. No varejo, por exemplo, a dica é entender o consumidor, estabelecer seu perfil e se alinhar às suas necessidades. Estudos indicam que empresas investem em inovação crescem mais que o dobro que a média", conclui.

Novas tecnologias são apresentadas

Cerca de mil supermercadistas de todo o Brasil estiveram reunidos para discutir as potencialidades e dificuldades do setor na 48ª Convenção 2014 da Abras. Entre terça-feira e ontem, os empresários tiveram a oportunidade de avaliar o atual cenário econômico do país, ouvir cases de sucesso do varejo nacional e internacional, trocar experiências com pequenas, médias e grandes empresas e conhecer o que há de mais novo em termos de tecnologia.  que paralelamente ao congresso da entidade aconteceu a quarta edição da Exposição de Tecnologia, com empresas desenvolvedoras de soluções para o segmento.

O quadro de palestrantes contou com profissionais de nível mundial como Sucharita Mulpuru, conhecida especialista em varejo digital; John Mackey, CEO de uma das mais importantes redes de supermercados de produtos naturais e orgânicos, a Whole Foods; e Dom Sagolla, co-criador do Twitter.

Entre os palestrantes nacionais estiveram destacados dirigentes do setor de supermercados, como Ronaldo Iabrudi, CEO do Grupo Pão de Açúcar, Guilherme Loureiro, CEO e presidente do Walmart Brasil, Charles Desmartis, CEO do Grupo Carrefour e Horst Paulmann - fundador/presidente do Grupo Cencosud, entre outros especialistas.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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