Com os preços mais altos dos alimentos e o repasse para os produtos no varejo, o setor supermercadista brasileiro alcançou em maio um faturamento real 13,95% maior do que o apurado no mesmo mês de 2007. Segundo a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), boa parte dessa evolução pode ser explicada pela inflação dos alimentos, que supera a evolução do índice cheio oficial, o IPCA.
Para se ter uma idéia, o preço da cesta AbrasMercado, formada majoritariamente por alimentos e bebidas, subiu 14,66% em termos reais na mesma base comparativa, para uma média de R$ 246,67 no país. O deflator usado pela Abras para calcular a evolução real é o IPCA, que somou 5,58% nos 12 meses até maio. Se não for descontada a variação do indicador, a cesta de 35 produtos de largo consumo apresenta aumento nominal de 21,06% nesse intervalo.
Segundo Tiarajú Pires, superintendente da Abras, a inflação por enquanto ainda não abateu a força da demanda para o setor supermercadista. O repasse da inflação para os preços está acontecendo, mas o consumidor continua comprando. Mesmo sem ter dados recentes de volume físico de vendas, o executivo acredita que os últimos meses devem ter mostrado estabilidade.
"Não existe até agora uma retração nas vendas. Até porque o bom ambiente econômico se mantém", afirma Pires. "A taxa de desemprego está baixa, os programas assistenciais do governo continuam e agora houve reajuste do Bolsa Família." Ele acredita, no entanto, que nos próximos meses os consumidores devem começar a buscar produtos mais baratos ou mesmo cortar da cesta itens supérfluos.
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, o faturamento do setor registra alta de 8,87%. A previsão da Abras, no entanto, é de que essa variação se ajuste ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país até dezembro deste ano, com vendas reais entre 4,5% e 5%. "Sem dúvida essa taxa de crescimento vai se acomodar e a inflação também não deve continuar acelerando", diz Pires.
Na comparação de maio com abril, a receita com vendas dos supermercadistas brasileiros teve crescimento real de 7,79%. Tal expansão é significativa, mas parte dela pode ser atribuída ao fator calendário, já que maio teve cinco sábados e abril, apenas quatro.
Além disso, mesmo não havendo índice de vendas por categoria de produtos, Pires acredita que a comemoração do Dia das Mães estimulou a venda de produtos não-alimentícios, como eletroeletrônicos, vestuário e calçados vendidos em muitos hipermercados.
Entre os meses de abril e maio, os produtos da cesta Abras que mais encareceram foram o arroz (24,65%), a batata (22,47%) e o tomate (14,55%). Em contrapartida, o preço do feijão recuou 7,52% e o da cebola caiu 5,51%. O conjunto todo de produtos teve alta real de 2,73% no período.
Veículo: Sindicato do Comércio Varejista de São Luís - MA