Preparar o típico almoço brasileiro, com feijão, arroz, carne e batata, está em média 18% mais barato no Brasil. É que a baixa da inflação e a melhora da safra nacional derrubaram o preço desses produtos nos supermercados brasileiros, segundo pesquisa da GfK. Só que a economia ainda não chegou ao Nordeste. Por aqui, os preços continuam iguais aos do início do ano por conta dos efeitos da estiagem na produção agrícola.
Diretor executivo da GfK, Marco Aurélio Lima explicou que, em 2016, muitos alimentos subiram de preço por conta do tempo seco, que diminuiu a safra nacional. Mas, agora, esse cenário mudou. “Estamos vivendo exatamente o contrário. O clima melhorou, a inflação está caindo e o dólar ficou estável. E aí os preços caíram”, contou, durante a 51ª Convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Por conta disso, o preço da cesta básica caiu 5,3%, saindo de R$ 479,64 para R$ 456,86, entre janeiro e julho de 2017. E as quedas foram ainda maiores nos alimentos que compõem o típico almoço brasileiro. O feijão, por exemplo, ficou 21,5% mais barato; o arroz, 16,2%; a carne bovina, 10,3%, e o frango, 12,6%; e a batata, 22,7%. “Por isso, o preço do nosso PF (prato feito) caseiro baixou mais de 18% em um único ano. Nunca registramos uma queda tão grande desde que começamos a medição, em 2001”, concluiu o diretor da GfK.
No Nordeste, porém, não houve redução de preço. “Esta foi a única região geográfica do País que não teve quedas”, reconheceu Lima, dizendo que o preço da cesta básica praticamente não mudou na região entre janeiro e julho. Só em agosto, o valor começou a cair: -1,74%. “O Nordeste continua sofrendo muito com a seca. E essa questão climática gera problemas de produção”, explicou.
Presidente da Federação da Agricultura de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra confirma que a produção local continua deficitária por conta da estiagem. “Por isso, estamos trazendo muitos produtos de outras regiões. E quem consegue colher algo não consegue baixar seus preços", explicou. Ele ainda disse que, apesar de estarem mais baratos, os produtos de outras regiõs chegam mais caros por conta do transporte. “O combustível aumentou significativamente. E o frete influencia o preço final”, explicou.
Por conta disso, Pio Guerra ainda não sabe quando os alimentos vão ficar mais baratos no Nordeste. A GfK, por exemplo, espera que o “PF caseiro” termine o ano 14% mais barato, mas continua prevendo estabilidade de preços para a região.
Fonte: Folha de Pernambuco