Presidente do conselho de administração da BRF — que reúne Sadia e Perdigão — Abílio Diniz classifica a movimentação dos acionistas da companhia como “parte do jogo” no mercado de companhias abertas, embora reconheça que existe especulação financeira por trás dessa movimentação. Os fundos de pensão Petros, dos funcionários da Petrobras, e Previ, dos empregados do Banco do Brasil, que detêm participação no capital da BRF pediram a troca dos membros do board, após a empresa registrar perdas nos últimos dois anos, com um prejuízo recorde e superior a R$ 1 bilhão em 2017.
"O que acontece com a BRF acontece nas grandes corporações que não têm um controlador, um dono definido. Isso levou os acionistas a se mexerem, e houve uma certa exacerbação. Em conjunto, tem sempre uma especulação financeira. Tem muita gente se aproveitando da situação, comprando ações da companhia agora, sabendo que a BRF é uma grande empresa, que haverá recuperação", ponderou o empresário, que fez a palestra de abertura da Abras 2018, no início da tarde desta segunda-feira, no RioCentro, na Barra da Tijuca.
Abílio reconhece que houve maus resultados, mas que eles seriam consequência de combinação de fatores internos e externos. Ele afirmou, contudo, que está confiante na retomada da empresa, e se diz “sereno” em sua função à frente do conselho da companhia:
"Estou sereno, tranquilo. Estou fazendo o meu trabalho, meu papel. Já passei por enormes crises, momentos difíceis e desafiadores na minha vida. E saí do outro lado aprendendo e também mais forte. A BRF é uma grande empresa vai chegar no seu ponto, se recuperar e seguir crescendo", declarou ele.
Um dos fundadores da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Abílio recebeu uma homenagem especial durante a cerimônia por ser o único dentre os sócios fundadores ainda em atividade. Aos 81 anos, o empresário se mantém em plena atividade e não acredita ter uma idade avançada, valorizando a experiência como uma grande vantagem a sua atuação profissional.
A BRF enfrenta um forte movimento para mudar sua gestão, depois da divulgação de um prejuízo recorde de R$ 1,1 bilhão em 2017. Os fundos Petros e Previ, além do fundo britânico Standard Life Aberdeen e a gestora carioca JGP querem destituir Abilio Diniz do comando do conselho. A assembleia de acionistas está marcada para 26 de abril.
Fonte: Época Negócios