Assim como o brasileiro se viu obrigado a mudar os hábitos de consumo nos últimos anos, em virtude do cenário econômico recessivo, supermercadistas e varejistas, de maneira geral, precisaram adequar seus negócios à nova realidade de consumo no País. Além da maior diversificação do mix de produtos, preços diferenciados e redução das margens de lucro, as promoções passaram a ter mais relevância para todos os tipos de negócios.
Enquanto em 2016 as promoções representavam 12% de importância para as decisões de compra no varejo, em 2017 esse número subiu para 15%. No caso do setor supermercadista, especificamente, essa importância passou a ser ainda maior, uma vez que saltou de 28,8% para 34,5% na mesma base de comparação, quando considerada a média de ações realizadas por redes dos segmentos de vizinhança, supermercados e hipermercados.
Esses e outros dados foram levantados e avaliados por institutos de pesquisa em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e divulgados durante a convenção anual do setor, que ocorre até hoje, no RioCentro, na capital fluminense.
No caso das promoções, a consultora de Tendências de Varejo da Nielsen, Ana Szasz, destacou que cada vez mais o supermercadista tem entendido o comportamento dos consumidores e adequado seus negócios. Mas ela lembrou que as promoções são apenas uma parte de um conjunto de ações de quem coloca o cliente no centro das tomadas de decisões e, no final, obtém sucesso.
“As promoções realizadas ano passado foram uma forma de elevar as vendas do setor, mas a percepção por parte dos clientes ainda é baixa. Por isso, precisam ser estudadas e realizadas estrategicamente. Só quem fez assim conseguiu resultados”, alertou.
Segundo ela, para que seja eficiente, esse tipo de ação precisa de uma boa execução, que inclui duração, espaçamento e profundidade. “A frequência com que o consumidor encontra o item em promoção interfere diretamente nos resultados. Períodos muito longos, por exemplo, podem perder o efeito da medida, da mesma forma que a profundidade ou o tamanho do desconto precisam atrair o cliente sem prejudicar as margens”, completou.
Já a diretora comercial da Kantar Worldpanel, Christiane Pereira, enfatizou que o varejo, aos poucos, começa a apresentar melhores números, mas que o mercado, nos últimos anos, passou por muitas transformações. Ela destacou mudanças na jornada de compras do consumidor, bem como na fidelização dos mesmos.
“O ambiente está cada vez mais complexo e dinâmico, é preciso entender como agir. Se em 2013, por exemplo, o cliente consumia, em média, em cinco canais de compras diferentes, hoje ele vai a pelo menos sete e o valor deixado em cada local é menor”, citou.
Diversificação
Daí, de acordo com Christiane Pereira, vem a explicação para o crescente número de lojas e da diversificação dos formatos dos negócios. Nesse sentido, ela lembrou que o cliente do mundo atual visa tempo e dinheiro, por isso, as estratégias de promoções e reformulações das lojas ganharam mais relevância junto aos empresários.
“A prioridade é o dinheiro, porque o consumidor está com o orçamento apertado, já que 51% das famílias brasileiras gastam mais do que ganham. Já o tempo é cada vez mais escasso e o consumidor busca simplificação e praticidade”, reiterou.
Para o presidente da Associação Mineira de Supermercado (Amis), Alexandre Poni, todos esses quesitos vêm sendo observados pelos supermercadistas de Minas Gerais, que, atentos às escolhas das pessoas, têm readequado seus negócios. “A começar pelo tamanho das lojas. Já não vemos lançamentos de novas unidades de grandes redes e a tendência de pontos menores e lojas de conveniência tomam conta da cidade”, disse, referindo-se a Belo Horizonte.
Para o presidente da entidade, essa não é uma realidade exclusiva do setor, mas reflexo do comportamento das pessoas, que estão mais conectadas, informadas e munidas de opções. “A tendência e prioridade, principalmente nos grandes centros, dizem respeito à mobilidade. Precisamos estar mais próximos dos nossos clientes. As pessoas querem conveniência, principalmente em questão de tempo e praticidade”, ressaltou.
Sobre as promoções, Poni confirmou a importância de serem realizadas estrategicamente e que elas fazem parte de um conjunto de fatores que equilibraram o consumo das famílias no decorrer do ano passado, fazendo com que as redes faturassem mais. Em Minas, por exemplo, o faturamento chegou a cerca de R$ 35 bilhões. Para 2018, a Amis aposta em um crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior. Já os investimentos deverão chegar a R$ 440 milhões, também conforme a entidade.
Fonte: Diário do Comércio de Minas