Balanço Rama discute o protagonismo do setor no abastecimento dos lares

Leia em 4min 40s

 Por Giseli Cabrini e Adriana Silvestrini, do Rio de Janeiro

 

Alinhar os novos anseios dos brasileiros ao dia a dia da atividade varejista é a grande inspiração da 53ª edição da Convenção Abras que tem como tema “O consumidor transformando o varejo”. Trata-se de uma mudança que prevê o envolvimento de todos os agentes da cadeia de abastecimento a fim de produzir e ofertar alimentos de qualidade e seguros, além de reduzir o desperdício e as perdas de todo o processo do campo à mesa. Essa, a propósito, foi a tônica do Balanço Rama, que abriu a programação da Convenção.

 

“O objetivo desse painel de abertura é debater temas essenciais para o setor supermercadista voltados à rastreabilidade, segurança do alimento e boas práticas agrícolas com foco nos 28 milhões de consumidores que entram em nossas lojas todos os dias. É uma oportunidade única para compartilhar experiências e colaborar para a evolução contínua do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama)", disse o presidente da Abras, João Sanzovo Neto.

 

Alinhado aos três pilares da Abras - comunicação, educação e transparência -, o Rama envolve todos os elos da cadeia de abastecimento: fabricantes de insumos químicos, fornecedores de FLVs, distribuidores, supermercados e órgãos reguladores.

 “A produção e a oferta de alimentos seguros são de nossa responsabilidade. Daí a importância de dialogar, educar e compartilhar dificuldades e soluções com transparência”, afirmou o superintendente da Abras e coordenador do Rama, Marcio Milan.

 

O diretor comercial da Paripassu, gestora técnica do programa, Giampaolo Buso, falou sobre a evolução do programa. “Em 2018, fizemos 768 visitas, 948 treinamentos, 4 mil atendimentos e rastreamos mais de 1,4 milhão de tonelada de alimentos, o que representa crescimento de 6%. No total, alcançamos 56 varejistas localizados nas cinco regiões do País. Pensando na dimensão do agronegócio, esses números podem parecer tímidos, mas são muito expressivos quando observados os quatro pilares do Rama: monitoramento dos resíduos, rastreabilidade, cobertura coletiva e política de correção.”

 

Para o especialista em agronegócio, José Luiz Tejon, o varejo, em particular o setor supermercadista, tem sido protagonista nesse processo de transformação da cadeia de abastecimento para oferecer um produto com mais qualidade e mais seguro para o consumidor, além de atuar também para reduzir o desperdício.

 

A Anvisa também esteve presente nos debates. O especialista em Regulação e Vigilância Sanitária e gerente geral de Toxicologia da Anvisa, Carlos Alexandre Oliveira Gomes, destacou o papel da agência no sentido de atuar em conjunto com os agentes da cadeia de abastecimento e não para criar entraves. “O varejo e o atacado são dois elos da cadeia essenciais para a transformação do segmento de FLVs no sentido de estabelecer padrões mínimos a serem adotados pelos seus fornecedores. E nós, da Anvisa, queremos atuar no sentido de auxiliar esse processo.”

 

Oportunidades para desenvolver o setor FLV

 

Boas práticas endossam boas teorias. É o que tem feito muitos empresários em busca da melhoria contínua para a cadeia de abastecimento e que foi compartilhado durante o Balanço Rama.

 Sob a mediação de José Luiz Tejon, diversos profissionais dividiram suas experiências desenvolvidas no setor de FLV, a começar por Carlos Fava, da Frutas Fava, cujo negócio foi premiado em fevereiro deste ano, em evento na Alemanha.

 

Fava contou que, em função da perda alta de banana, foi em busca de uma nova tecnologia para melhorar o processo de maturação da fruta. Ele foi a Holanda e Alemanha para achar um sistema sustentável para evitar as perdas da fruta. “Não encontrei o sistema pronto, mas achei os equipamentos que podiam agregar ao meu sistema. Junto com engenheiros e técnicos no Brasil, desenvolvemos uma câmara de atmosfera controlada para amadurecimento da banana. Com esse sistema, o processo melhorou bem”, comenta Fava.

De acordo com Fava, o equipamento sustentável permitiu a economia de 20% a 25% de energia, além de controlar todos os gases da fruta. Com isso, o empresário pode constatar que a fruta dura mais tempo na gôndola e as perdas diminuem. Fava lançou o sistema há três anos e já está tendo retorno do investimento. Hoje, a Frutas Fava exporta a “tecnologia da banana” para os alemães, que querem criar um equipamento semelhante.

 

Na sequência, a palavra foi dada para Lucas Rona, gerente de marketing da Arysta, que abordou sobre o novo conceito OpenAg, adotado pela empresa e que tem a proposta de criar uma rede aberta de agricultura sem limites e sem fronteiras. “Neste tema de saúde vegetal, a gente quer agregar valor ao sistema de produção, trazendo um alimento mais seguro, respeitando todos os quesitos sociais, ambientais e que seja um alimento saudável e acessível ao consumidor”, explica Rona.

 

As discussões nesta etapa não pararam por aí. Lideranças de empresas expressivas no mercado de FLV, como Benafrutti, Trebeschi Tomates, Vegetais Saudáveis, Bayer e Abanorte, também compartilharam importante referências com os supermercadistas.  

 Em resumo, muitas foram as pautas debatidas no Balanço Rama e a cobertura completa deste painel será publicada na edição de maio da Revista SuperHiper.

 

Redação Portal ABRAS

 

 

 

 

 


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