Depois de obter resultados favoráveis no primeiro semestre, o setor supermercadista já prevê quase o dobro de crescimento este ano, com relação à projeção anterior, mais cautelosa por conta da crise econômica. A perspectiva é de saltar de 2,5% para 4,5% frente a 2008, de acordo com a Associação Brasileira de Supemercados (Abras). Para a entidade, um dos segmentos com maior impacto de crescimento este ano será o modelo 'atacarejo' (cash & carry), com custos menores de operação e no qual não só as redes líderes estão investindo com maior ênfase, mas os grupos regionais também começam a se interessar.

 

Um deles é o Grupo Pereira, responsável pelas marcas Comprefort Atacadista (com atuação no varejo e atacado), Bate Forte (atacado), Supermercados Comper (varejo). O Grupo viu o potencial do segmento e pretende levar a marca Comprefort, que fica emSanta Catarina, para a região Centro-Oeste, que deve receber cinco pontos-de-venda. A meta para este ano do Grupo é atingir faturamento de R$ 1,7 bilhão, receita quase 30% superior a de 2008.

 

Outra rede que demonstra interesse em atuar no 'atacarejo' é a Cooperativa de Consumo (Coop), que opera principalmente na Grande São Paulo. A empresa, com 28 unidades e lojas na região do ABC paulista e interior do estado, tem estudos para atuar na área, seguindo as líderes Grupo Pão de Açúcar, Carrefou e Wal-Mart.

 

Em entrevista ao DCI, o presidente da Coop, Antonio José Monte, afirmou que a previsão de entrar nesse mercado é analisada com bastante cautela, pois a ideia é formular a melhor maneira de investir: "Precisamos tomar muito cuidado porque ainda não sabemos como mexer nessa área, mas a busca por reduzir custos de operação é contínua na nossa rede. Agora estamos trabalhando a área logística e analisando se o melhor é ter frota própria ou não, por exemplo", afirmou.

 

Segundo Monte, a Coop ainda tem planos de investir em postos de gasolina próprios e em comércio eletrônico (e-commerce). O presidente da cooperativa diz ainda que o grupo tem feito estudos técnicos do mercado e, por acreditar no bom desempenho do setor este ano, que ainda parece passar ao largo da crise financeira global, mantiveram o orçamento e continuam com investimentos próprios, já que têm "um forte capital líquido circulante".

 

A Coop tem investimentos de R$ 14 milhões no aumento do Centro de Distribuição (CD) de Santo André, que ficará 33% maior em capacidade construída. A rede ainda investirá em torno de R$ 20 milhões na abertura de mais três lojas este ano, nas cidades de Mauá, São José e Santo André. Outras duas unidades já foram abertas no primeiro semestre.

 

Na primeira metade do ano, Monte afirma já ter tido bons resultados, com crescimento nominal de 12,22% e real de 6,38% nas vendas em relação ao mesmo período de 2008. Além de destacar que na região do ABC, onde estão a maior parte de seus consumidores, o desemprego não passou de 1%. Outro plano da Coop, que deve faturar R$ 1,389 bilhão este ano, é estimular os cooperados inativos. Hoje são 1,5 milhão de cooperados - 250 mil estão inativos.

 

Mercado

 

Para o presidente da Abras, Sussumo Honda, o interesse no formato e a concorrência com vários canais de venda também só tende a crescer. "O 'atacarejo' já está espalhado pelo Brasil e existem várias redes investindo, mesmo em redes locais como no Paraná e no Mato Grosso, entre outros. É um formato que ganha espaço por ter uma operação barata."

 

Segundo a Abras, no mês de junho e no primeiro semestre deste ano, os supermercados também já conseguiram ter melhoras na vendas em relação aos mesmos períodos do ano passado, crescendo 4,83% e 5,27% respectivamente. Para o presidente da entidade, não houve o desemprego que se temia e que poderia ter impactado mais fortemente o consumo: "Já houve uma reversão da curva de emprego e o mercado interno vai bem, só não podemos saber como será no mercado externo e para as exportadoras".

 

Outro ponto destacado por Sussumu Honda foi o aumento no volume de produtos vendidos, que cresceu 2% no primeiro semestre e vinha se mantendo estável em 2008, o que está ligado aos preços dos itens, que no geral não aumentaram com a crise e também estão se mantendo, com a exceção de algumas commodities. "A inflação hoje está em um processo estável, estamos vendo ainda uma valorização do real novamente e ninguém quer repassar preços com a crise, o que estimula o consumo", explica.

 

Pão de Açúcar

 

Mantendo planos de expansão da rede, o Grupo Pão de Açúcar, que também já tem seu braço no atacarejo com a bandeira Assai, anunciou a abertura de mais unidade da marca em São Paulo, com investimento de R$ 7,5 milhões. É a 33ª loja da rede, e que reforça o plano da marca nessa área.

 

Veículo: DCI