Depois de acumular crescimento de 5,36% nos últimos cinco meses deste ano, o setor supermercadista deverá rever sua meta de crescimento para 2009, antes estabelecida em 2,5%. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), é bem possível que o crescimento real do setor atinja 5%, índice já deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante deste cenário, até o momento, as regiões do Grande Rio, do Nordeste e da Grande São Paulo destacam-se com um incremento mais acelerado nas vendas.
De acordo com Sussumu Honda, presidente da Abras, fatores como os sinais positivos da macroeconomia e a manutenção de emprego e renda colaboram para que os supermercados tenham mais fôlego. "O segundo semestre já é tradicionalmente melhor para o varejo, e deverá reagir de forma mais consistente devido à manutenção do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]", pontuou. A manutenção dos empregos tanto na indústria quanto no comércio sustentará as vendas no setor.
O posicionamento oficial a respeito da revisão do crescimento poderá ser divulgado ao final deste mês, quando os resultados de junho estarão contabilizados. A entidade divulgou, ontem, que as vendas nos supermercados cresceram 4,01% em maio, em comparação com o mesmo mês de 2008. Em relação a abril, houve queda de 4,12%, atribuída ao efeito calendário, devido à Páscoa, segunda melhor para o setor, que foi comemorada naquele mês.
"Um dos efeitos da crise foi que os consumidores passaram a almoçar e jantar menos nos restaurantes e comprando mais nos supermercados para se alimentar em casa", conforme afirmou o presidente da associação.
Regiões
Levantamento da associação relativa ao primeiro quadrimestre mostra que o volume das vendas cresceu mais na região do Grande Rio, com alta de 4,5% no volume das vendas dos primeiros quatro meses deste ano. Honda explica que isso é reflexo do repasse dos royalties do petróleo encaminhados aos municípios, que vem mantendo o poder de compra dos consumidores.
A carioca MultiEconomia, formada em fevereiro último depois da associação das redes Multimarket e Redeconomia, fechou os cinco primeiros meses do ano com incremento de 3,25% nas vendas. De acordo com o diretor executivo, Ronaldo Teixeira, a evolução do faturamento nos últimos 12 meses atingiu 8,2%.
O executivo relata que mesmo com o down trading, movimento em que o consumidor prefere comprar itens mais baratos devido à situação da economia, o desempenho da categoria de alimentos tem sido satisfatório. No tocante ao terceiro trimestre, Teixeira avalia que o crescimento será quase "vegetativo", mas acredita que o último trimestre do ano será mais aquecido, visto que a base do ano passado foi um pouco sacrificada.
Formada por 109 pontos-de- venda distribuídos na Grande Rio de Janeiro, a MultiEconomia abrirá as portas de mais cinco unidades nos próximos meses e almeja crescimento orgânico de 20% este ano, com a adesão de novos associados do pequeno varejo. Se antes as redes não figuravam entre as dez maiores no ranking estadual, a MultiEconomia deverá figurar entre as sete primeiras no próximo ano.
No que diz respeito às outras regiões, o Nordeste acumula alta de 4%, graças principalmente à injeção de dinheiro do programa Bolsa Família e ao reajuste do salário mínimo. Na Grande São Paulo, até abril as vendas avançaram 2,6%, enquanto no litoral e no interior paulista recuaram 3,6%. No Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio, as vendas subiram 2%. No Centro-Oeste e no Sul do País houve queda.
Faturamento
Sondagem realizada pela revista Supermercado Moderno com supermercadistas de Minas Gerais e de São Paulo (capital e interior) indica que os empresários estão bastante otimistas para este ano. Segundo Maurício Pacheco, publisher da publicação, em Minas Gerais e na capital paulista a expectativa é crescer 7,6% e no interior paulista, 8,4%.
Veículo: DCI