As vendas reais dos supermercados cresceram 4,01% em maio (descontada a inflação), em relação a igual mês de 2008. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, em relação ao período equivalente do ano passado, também houve crescimento das vendas, de 5,36%, segundo o Índice Nacional de Vendas, divulgado ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Ante o mês anterior, as vendas reais de maio caíram 4,12%, em movimento já esperado pelo setor, já que a Páscoa, um grande motor de vendas, forma em abril uma base de comparação elevada. Segundo a Abras, é possível observar o bom crescimento das vendas tanto na comparação com maio de 2008 quanto no acumulado de 2009, o que sinaliza que os consumidores não diminuíram suas compras nos supermercados, apesar da retração da atividade econômica no fim do ano passado e no início deste ano.
O presidente da Abras, Sussumu Honda, disse ontem que as vendas do setor devem reagir de forma mais consistente no segundo semestre deste ano. Segundo ele, a manutenção do consumo das famílias vem garantindo a expansão das vendas dos supermercados. "O segundo semestre, naturalmente, é o melhor período das vendas. Além disso, o cenário está mais positivo, influenciado pela manutenção dos níveis de emprego", afirmou.
Honda acrescentou que a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e linha branca, por exemplo, de forma indireta contribuirá para o setor, pela manutenção dos empregos que a medida gera tanto na indústria quanto no comércio. "O ritmo de geração de empregos deve melhorar a partir de agora, contribuindo para a manutenção da renda, o que sustenta as vendas nos supermercados", afirmou.
A entidade prevê para o próximo mês a revisão oficial da projeção de crescimento do setor, que atualmente está em 2,5%. O dirigente admite, porém, que o número seja revisado para algo acima de 5%, com base no desempenho acumulado dos supermercados até maio.
PREÇOS. O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo subiu 2,24% em maio ante abril, para R$ 264,59. Já em relação a maio de 2008, a alta foi de 7,26%. Os produtos da cesta que registraram as maiores altas em base mensal foram batata (21,04%), leite longa vida (14,31%) e queijo mussarela (9,04%). Já as maiores quedas foram nos preços do feijão (-6,12%), do pernil (-3,57%) e da farinha de trigo (3,28%).
Segundo Honda, o valor do preço dos produtos da cesta pode desacelerar seu ritmo de crescimento. "O pico da alta deve ficar com o mês de maio." No acumulado do ano, o valor da cesta avançou 1,5%. O resultado de maio, que superou o IPCA (0,47%), foi creditado, por Honda, a fatores localizados nas regiões Sul e Norte.
De acordo com o levantamento de preços, o valor da cesta na Região Norte subiu 4,61% em maio ante abril, puxado pela alta de 27% da batata e de 17% da carne de dianteiro. Já no Sul, que apresentou no período alta de 2,35%, os aumentos nos preços foram influenciados pelo leite longa vida (21,4%) e batata (20,1%). Entre maio e abril, foram registradas altas nos preços de 1,96% no Sudeste, de 1,31% no Nordeste e 0,71% no Centro-Oeste.
Honda comemorou ainda a manutenção da isenção do PIS/Cofins à cadeia do trigo, anunciada pelo governo. Segundo ele, a medida reduz, em média, 10% o preço do pão e, caso não fosse prorrogada, poderia proporcionar uma redução no consumo do produto. O dirigente cobrou ainda que os estados, sobretudo os localizados no Nordeste, zerem o ICMS cobrado na cadeia do trigo, assim como já ocorre em outras unidades da Federação.
O dirigente descartou também que a paralisação na comercialização de gado em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia tenha causado desabastecimento do produto nos supermercados. Ele salientou ainda que os preços aos consumidores não sofreram reajustes em razão da medida e destacou o apoio da entidade à medida.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ