Distribuição de produtos regionais será em âmbito nacional a um preço justo, confirmam gestores do projeto
O Carrefour firmou parcerias com as startups Muda Meu Mundo e Local.e para melhorar sua conexão com produtores de frutas, legumes e verduras (FLV) e com pequenos e médios fabricantes de itens industrializados, tendo em vista a ampliação da oferta de produtos frescos e a diversificação de marcas nas gôndolas de suas lojas.
Diretor comercial das células regionais da subsidiária brasileira da rede, Arnaud Dusaintpere afirma que o movimento faz parte de uma estratégia global de valorização de produções regionais economicamente viáveis, que passa pela redução de custos logísticos.
Leila Okumura, co-fundadora da Local.e, afirma que essa estratégia é importante porque o mix de produtos dos supermercados é muito similar, independentemente da bandeira, já que pequenos e médios empresários normalmente têm dificuldades para negociar com varejistas e apresentar seus produtos.
“Hoje, a nossa plataforma digital conta com mais de 3 mil marcas, que oferecem, juntas, 7,5 mil produtos. Temos também mil varejistas usando a tecnologia para descobrir novos fornecedores”, afirma Leila.
Segundo ela, fomentar o consumo de produtos regionais significa incentivar a geração de empregos e movimentar economias locais. “Quando o varejo compra um produto importado, ou de uma multinacional, o valor gerado se dilui. Em alguns países, até os governos apoiam essas iniciativas, que geram renda e resiliência econômica”, diz.
A CEO da Muda Meu Mundo, Priscilla Vera, reforça essa visão. No Ceará e em São Paulo, a startup trabalha para identificar produtores, medir a capacidade de entrega e conectá-los ao varejo, sem atravessadores, ações que permitem que empresas como o Carrefour comprem lotes maiores originados de propriedades diferentes. A plataforma conecta cerca de 40 supermercados a 160 produtores, e deve chegar a 600 agricultores até julho de 2022.
A startup cearense também ataca outro problema do segmento de FLV: cerca de 30% do que se produz é perdido antes de chegar ao consumidor final. O desperdício prejudica os produtores e tem impacto no bolso do consumidor final, que, ao fim e ao cabo, acaba cobrindo ao menos parte das perdas do varejo.
“Se podemos quebrar esse paradigma, é uma vitória para todo mundo. Podemos negociar com um custo menor e vender um produto sem ter quebra embutida, além de oferecer um produto mais fresco, que cria uma imagem bacana no supermercado e atrai novos clientes”, afirma Dusaintpere.
O diretor do Carrefour diz que as startups também fazem um pré-filtro em relação a problemas socioambientais de fornecedores, que depois é afunilado pelas equipes de qualidade e auditoria da cadeia varejista. “Isso dá velocidade aos processos”, diz.
Leila destaca que o Carrefour se mostrou realmente disposto a adaptar seus processos para se aproximar dos pequenos e médios empresários, ao promover uma simplificação nos processos de cadastro e nos contratos.
Dusaintpere conta que essas e outras mudanças demoraram quase um ano, mas que agora a empresa oferece condições diferenciadas para esses fornecedores, que incluem contratos simplificados, isenções de algumas taxas logísticas e pagamento mais rápido.
Fonte: Valor Econômico