Makro está de partida! Santander venderá as lojas do grupo holandês SHV

Leia em 3min 40s

Várias redes encontram-se interessadas no negócio com as 24 lojas do tradicional grupo atacadista que está no país desde a década de 70

 

A rede de atacado Makro está vendendo todos os seus pontos comerciais em São Paulo, e com isso o grupo holandês SHV, dono da cadeia, deve deixar o mercado de atacado no Brasil, caso as negociações avancem. A empresa está pedindo quase R$ 3 bilhões pelas 24 lojas, equivalente a todo o faturamento bruto anual, um preço considerado “fora de uma faixa razoável”, segundo fontes ouvidas envolvidas na transação. Procurado, o Makro informa que não comenta rumores de mercado.

 

Uma das mais tradicionais atacadistas do Brasil, no país desde os anos 70, a companhia quer deixar o setor dois anos após ter vendido 28 lojas para o Carrefour por R$ 1,95 bilhão, no começo de 2020, mas mantido a operação no estado paulista para tentar acelerar os negócios localmente.

 

Aumento da competição, especialmente com os líderes Atacadão e Assaí, que operam com maiores escalas e fortes ações comerciais, e um ritmo de crescimento abaixo do esperado levaram a empresa a abrir conversas com grupos do setor cerca de um ano atrás.

 

O Santander está intermediando as conversas pelo lado da companhia, mas, até o momento, não foi apresentado interesse formal em todos os 24 imóveis à venda. Nesta semana termina o prazo para as redes apresentarem as propostas. O  negócio foi oferecido, pelo menos, a Atacadão, Assaí, Fort Atacadista (Grupo Pereira) e Grupo Muffato.

 

Pelos cálculos do mercado, os cerca de R$ 3 bilhões equivalem a um valor médio por loja de mais de R$ 120 milhões, quase o dobro dos investimentos na construção de uma loja nova média (R$ 40 milhões a R$ 50 milhões) e equipamentos (R$ 15 milhões), sem incluir a compra do terreno. Outra conta envolve o valor das empresas comparáveis. “O Assaí vale em bolsa hoje 40%, 45% da venda bruta, e o Atacadão um pouco mais, mas eles querem 100% da receita. E o Extra acaba de vender 70 pontos por R$ 4 bilhões, e mesmo considerando que no Extra há reformas, e no Makro nem tanto, ainda está fora de uma faixa razoável”, diz uma fonte a par do tema.

 

O Makro vem considerando a força e posição estratégica de seus pontos em São Paulo, em regiões de alto potencial de crescimento, como São José dos Campos, Araraquara e Ribeirão Preto, além do estado atual dos imóveis, que passaram por reformas recentes e já terem público fiel no local. “Há algumas unidades boas, não há dúvida, mas vai ser difícil alguém levar tudo. Quem olhou prefere a compra ‘picada’ [de algumas unidades], mas não está claro se eles querem”, diz outra fonte.

 

“As redes regionais com interesse de crescer futuramente em São Paulo, como Fort e Muffato, têm caixa, mas não querem dar um passo desse tamanho ainda, então o ‘timing’ do Makro não é dos melhores”, afirma. Fundos de private equity também foram sondados nos últimos meses.

 

O Atacadão, apesar de ter avaliado os imóveis, não pretende agora se envolver em outra aquisição de grande porte tendo sua transação com o Big em fase final de análise do Cade, o órgão antitruste. E o Assaí ainda está em fase de reformulação das 70 lojas do Extra, que deve tomar boa parte da agenda da empresa.

 

O Makro buscava uma melhora mais acelerada em sua operação em São Paulo para iniciar uma negociação dos ativos posteriormente — já após a venda de parte dos imóveis parte dos imóveis para o Carrefour, dois anos atrás. “Eles entendiam que, ficando só com São Paulo, que é um mercado que dá muito dinheiro no atacarejo, daria para acelerar o negócio, melhorando resultado, antes de partir para uma venda. Só que a concorrência apertou muito, tem gente abrindo loja todo o mês, e com muita escala e força de negociação nas mãos”, diz um consultor.

 

Caso deixe a operação de atacado, a SHV continuará a operar no Brasil em outros segmentos, como gás.

 

Fonte: Valor


Veja também

Gigante do cash & carry prioriza a sustentabilidade

A rede Assaí revela seu comprometimento com agenda climática e a adequação tecnológic...

Veja mais
Consumo cresce nos atacarejos e cliente que pode, estoca

Levantamento da Nielsen registra a movimentação das redes com seus diversos formatos no primeiro trimestre...

Veja mais
Prezunic oferece produtos de Páscoa exclusivos aos clientes

Rede cria receitas especiais para celebrar o retorno dos encontros familiares pós-pandemia   A retomada do...

Veja mais
Atacarejo do SuperNosso está sob nova direção

Executivo Epifânio Parreiras Júnior já passou outras companhias de varejo de alimentos em Minas Gera...

Veja mais
Grupo anuncia expansão agressiva até 2023

Rede desenvolveu amplo projeto que inclui a abertura de novas lojas, um CD e criação de centenas de empreg...

Veja mais
Os novos negócios do grupo que custam meio bilhão de reais

Rede varejista tem uma dezena de projetos em vista para ampliar ainda mais seu market share   O grupo Zaffari, ma...

Veja mais
Acelerada expansão movimenta grupo de varejo de alimentos

Nova geração de lojas conta com design e arquitetura diferenciados para atrair ainda mais o cliente  ...

Veja mais
Grupo serrano desembarca na capital com loja conceito

Produtos diferenciados e regionais valorizam a matéria-prima local em meio a um mix de artigos importados  ...

Veja mais
Saiba o que grandes bandeiras do varejo estão fazendo para lucrar com a Páscoa

Muitas redes parcelam, inclusive, o almoço de Páscoa que conta com uma ampla variedade a preços bem...

Veja mais