Após união com o Ponto Frio, Casas Bahia quer retomar ritmo acelerado da década passada e volta a enfatizar o carnê
A Casas Bahia está voltando aos velhos tempos. Após concluída a união com o Ponto Frio, a nova empresa pisa no acelerador este ano e vai abrir 60 lojas, praticamente uma por semana. É um ritmo frenético já experimentado entre 2005 e 2008. Em 2011, foram fechadas 105 lojas não rentáveis do Ponto Frio, das quais 58 no último trimestre. Já sob a bandeira Casas Bahia foram abertas 18 lojas. A empresa encerrou 2011 com 945 lojas
Também o velho carnê, motor do crescimento acelerado da rede no passado, ganha destaque dentro da companhia. "Arquivamos o processo para vender o crediário da Casas Bahia. O financiamento volta a ser o 'core' da Bahia", afirma Raphael Klein, presidente da Viavarejo, o novo nome da holding que reúne as empresas Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Pontocom e que encerrou 2011 com vendas brutas de R$ 24,250 bilhões e lucro líquido de R$ 103,9 milhões. Até a semana passada, a holding se chamava Globex.
Quando a Casas Bahia se uniu ao Grupo Pão de Açúcar, foi cogitada a venda do crediário. Pelas parcerias firmadas, os candidatos naturais à compra seriam Bradesco e Itaú, que operam os cartões. Após estudos, chegou-se a conclusão que o crediário vai ser tocado pela própria empresa.
Segundo Orivaldo Padilha, vice-presidente financeiro da Viavarejo, no passado o crediário chegou a representar 90% do faturamento da Casas Bahia, mas perdeu espaço para o cartão de crédito. Hoje, responde por 25% das vendas. No Ponto Frio, a fatia do crediário é de 15,3%. Entre os cartões Casas Bahia, Ponto Frio e crediário, o financiamento próprio é 30% da venda.
Klein não diz qual é a meta de expansão do financiamento próprio. Ressalta que quer oferecer várias opções de financiamento para públicos diferentes. "O crediário é instrumento importante no controle de gasto."
Com 47 milhões de clientes cadastrados, dos quais 14 milhões ativos, o crediário é a "joia da cora" da empresa. "84% dos clientes do crediário sempre compram com a gente", diz Padilha. Ao contrário do cartão de crédito, o carnê, cujas prestações são pagas nas lojas, funciona como um estímulo a novas compras.
Outra mudança feita pela empresa é a redução da participação das vendas sem juros no total dos financiamentos, além do corte nos prazos. Em janeiro de 2011, a modalidade sem juros respondia por 58% dos financiamentos. Em dezembro tinha recuado para 47%. Em igual período, o prazo caiu de 10 para 8 vezes.
Lucro. O Grupo Pão de Açúcar, do qual faz parte a Viavarejo, teve lucro líquido de R$ 361 milhões no 4º trimestre de 2011, com alta de 43,1% ante 2010. No ano, a empresa acumulou lucro de R$ 718 milhões, com crescimento de 16,1% em relação a 2010. O faturamento total do grupo no ano passado foi de R$ 52,6 bilhões, com aumento de 45,8%.
Veículo: O Estado de S.Paulo