O Makro Atacadista terminou o ano passado com prejuízo e tímido aumento nas vendas e, segundo informa a companhia em nota enviada ao Valor, o processo de reestruturação interna explica os resultados.
A receita líquida da empresa atingiu R$ 5,5 bilhões no ano passado no Brasil, um discreto crescimento de 4,6% em relação a 2010, taxa inferior às registradas pelas redes Atacadão e Assaí, empresas do formato de "atacarejo" dos grupos Carrefour e Pão de Açúcar, respectivamente.
Dados publicados pela atacadista, cuja sede fica na Holanda, mostram que, pressionada por um aumento de despesas gerais e administrativas no ano passado, houve queda de 60,5% no lucro operacional antes do resultado financeiro - o valor diminuiu de R$ 75,3 milhões para R$ 29,7 milhões.
Foi registrado ainda uma alta de 39,5% nas despesas financeiras (reflexo da alta nos gastos com juros de empréstimos), e o valor de impostos e contribuições sociais também cresceu. Dentro desse contexto, a última linha do balanço foi afetada.
O lucro líquido de R$ 38 milhões em 2010 passou para um prejuízo de R$ 4,4 milhões no ano passado. Em 2010, a empresa já havia contabilizado queda de 64% no lucro líquido em relação a 2009. A redução foi justificada na época, em parte, pela mesma razão levantada para os números de 2011 - reorganização da empresa com aumento de despesas (naquele ano, em contratação e marketing) para fazer a companhia crescer no longo prazo.
Por meio de nota, a companhia informou que teve que reorganizar o seu negócio no Brasil nos últimos dois anos, e essa reestruturação teve reflexo nos números. Empréstimos tiveram que ser contraídos para sustentar esse projeto de reorganização da empresa, e com isso as despesas financeiras aumentaram, explica o Makro.
Entre esses investimentos, informa o grupo, estão a mudança do mix de produtos das lojas, o gasto maior na linha de produtos de marca própria, a mudança de layout das lojas e a transferência de um centro de logística de Taboão da Serra para Campinas (o antigo, aberto em 2010, não era do tamanho ideal).
"Os resultados decorrem da estratégia de reestruturação comercial realizada nos últimos dois anos, visando preparar a empresa para o crescimento sustentado", informa o comunicado. O venezuelano Roger Allan Guevara, que comanda a empresa no país, é o quarto presidente da companhia em cinco anos.
Pelo material publicado pelo grupo, o aumento de despesas com pessoal (alta de 13,9%) e despesas gerais (taxas, multas e gastos com lojas e edifícios, com alta de 14,4%) impactaram nos resultados, assim como o aumento nas despesas com juros de debêntures e empréstimos bancários, que atingiram R$ 55,5 milhões em 2011, crescimento de 39,3%.
Os gastos na operação do negócio cresceram sem um aumento no número de lojas - e são as novas lojas que aumentam de forma considerável a receita do varejo e do atacado. O Makro fechou o ano de 2011 com as mesmas 76 lojas que tinha ao final de 2010 - todas as grandes atacadistas abriram pontos. Ao se comparar o número de lojas com a receita líquida de 2011, conclui-se que a venda por loja do Makro foi de R$ 72,3 milhões ao ano. Em 2010, foram R$ 69,1 milhões ao ano por loja.
O Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, apurou receita líquida de R$ 3,9 bilhões para as suas 59 lojas em 2011, o que equivale a uma venda anual por ponto de R$ 66 milhões. É um valor menor. Mas em 2010, eram R$ 51,6 milhões por loja, um aumento superior ao verificado no Makro.
O Makro vende para empresas e praticamente não atua na comercialização ao consumidor final. Atacadão e Assaí são varejistas de "atacarejo", portanto vendem para os dois públicos. Esse segmento tem sido fundamental na expansão no país do Carrefour, varejista que controla o Atacadão, assim como é um dos negócios considerados prioritários em 2012 para o Grupo Pão de Açúcar, controlador do Assaí.
Veículo: Valor Econômico