O ano começou de vento em popa para Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, sócio francês do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Mais uma vez, a Ásia e a América Latina, puxada pelo Brasil, tiveram peso determinante na boa performance das vendas da empresa no primeiro trimestre deste ano, com resultados que superaram levemente as expectativas do mercado.
O faturamento global do grupo aumentou 11,3% nos três primeiros meses do ano, totalizando €8,7 bilhões. "Um crescimento muito forte", como ressaltou o Casino em um comunicado. A frase tem ainda mais sentido se comparada à performance do rival Carrefour, segunda maior varejista alimentar do mundo, que anunciou recentemente uma magra progressão de 1,5% nas vendas no período.
A participação dos países emergentes nas vendas do Casino continua crescendo e já pulou para 49% do faturamento neste ano, contra 45% durante o ano passado. Na previsão de Naouri, esses mercados devem totalizar mais da metade das vendas globais do Casino em 2012.
Na América Latina, única região com expansão na faixa dos dois dígitos, as vendas aumentaram 13,5% para o critério de "mesmas lojas" (abertas há mais de 12 meses) o crescimento é de 11,9%. "Essa performance traduz o dinamismo da atividade em todos os mercados do grupo na região", informa o Casino.
O aumento da participação da empresa no capital do GPA contribuiu para melhorar os resultados globais da varejista francesa.
No Brasil, as vendas cresceram 9,6%, segundo o critério mesmas lojas sobre o ano anterior, de acordo com dados do Grupo Pão de Açúcar. Na Colômbia, onde as vendas registraram "um desempenho muito satisfatório", mas não divulgado, o grupo continua expandindo o número de supermercados de bairro da rede Exito, com 17 novas lojas desse tipo no primeiro trimestre.
O faturamento na Ásia, onde o grupo possui atividades na Tailândia e no Vietnã, cresceu 9,7%. O destaque do trimestre foi o Vietnã, onde as vendas aumentaram "fortemente", na faixa de dois dígitos.
Os resultados são bem diferentes na França, mas pelo menos Naouri pode celebrar o fato de a rede ter registrado um aumento de 2% nas vendas no primeiro trimestre, enquanto seu rival Carrefour anunciou recentemente uma queda de 0,5% no país no mesmo período.
Parte do desempenho positivo do Casino na França - que faturou €4,5 bilhões no trimestre - pode ser explicado pelos bons resultados da filial Monoprix, cujo controle é compartilhado com a Galeries Lafayette. Os sócios, aliás, brigam atualmente na Justiça pelo controle dessa rede sofisticada de supermercados de bairro, peça central da estratégia das atividades do Casino na França.
As vendas do Monoprix subiram 5,4% segundo o critério mesmas lojas, impulsionadas sobretudo pelas vendas de vestuário, que tiveram bons resultados na liquidação de inverno no início do ano.
Os supermercados Casino também tiveram crescimento nas vendas, de 1,5%. Já nos hipermercados, modelo de varejo em crise na Europa, o grupo registrou queda de 2% no faturamento. Como no caso do Carrefour, o consumo de produtos não alimentares nos hipermercados Géant do Casino estão despencando. A queda foi de 7,9%, sobretudo de eletroeletrônicos. Nas outras categorias (têxteis, artigos de lazer e para a casa), a diminuição foi de 2,2% no trimestre.
O grupo francês também confirmou seus objetivos para 2012, com um crescimento superior a 10%, e informa que irá continuar sua política de cessão de ativos e de aumentos de capital no total de €1,5 bilhão neste ano.
Se o primeiro trimestre já foi positivo para a empresa, o segundo, pelo menos em termos estratégicos, se anuncia ainda melhor. O Casino já confirmou que irá assumir o controle do GPA em junho. Analistas estimam que o perfil de crescimento do Casino será profundamente transformado com essa operação. Como disse recentemente Naouri, "o Casino vai mudar de perfil e de dimensão neste ano".
Veículo: Valor Econômico