Para o presidente do Pão de Açúcar, a cultura do consumidor brasileiro vai minar a principal política de seu concorrente
Enéas Pestana é hoje o principal executivo do Grupo Pão de Açúcar, a maior rede varejista do país que, só no ano passado, faturou R$ 52,6 bilhões. Normalmente avesso a entrevistas, Pestana anda ainda mais recluso nesses dias que precedem a maior mudança na história da companhia - no próximo dia 22 de junho o grupo francês Casino exerce seu direito de tornar-se acionista majoritário na companhia fundada pela família Diniz em1948.
Pestana não comenta a questão mas falou ao BRASIL ECONÔMICO dos planos de expansão do próprio grupo e da principal política implementada por seu concorrente, a americanaWalmart, que, segundo ele, tende a fracassar no Brasil. Leia a entrevista a seguir e entenda porque.
O grupo fez diversas aquisições ao longo de sua história. Que segmento interessa no momento? Na área de alimentos. E pode ser em diferentes formatos, como atacarejo ou mini mercados. Não queremos fazer aquisições no segmento de eletroeletrônicos, pois achamos que não há mais nenhuma empresa interessante à disposição. Sobraram apenas lojas pequenas. Nosso crescimento será orgânico nesta área.
Qual sua expectativa sobre a aprovação da fusão entre Ponto Frio e Casas Bahia pelo Cade ? Quais serão os primeiros passos após a possível aprovação? Acredito que a decisão saia este ano, mas não neste semestre. Temos algumas sinergias para resolver na logística. Será necessários desativar alguns centros de distribuição, mas não sabemos quantos e quais. Também vamos fazer algumas trocas de bandeira. Algumas lojas da Casas Bahia podem mudar para Ponto Frio e vice-versa.
O sr. comentou que o grupo tem dificuldades na região Sul do país. Quais são elas? No Sul os supermercados são muito fortes e consolidados. Além disso, o consumidor é mais bairrista. Ele é fiel a redes locais como Zaffari e Angeloni. O Sul não é nossa prioridade. Temos que correr para ocupar o Nordeste com todos nossos formatos de loja. Já no Rio de Janeiro, há espaço para as bandeiras Pão de Açúcar e Mini Mercado Extra. Em São Paulo, vamos de [atacarejo] Assaí. No Sudeste, deumamaneira geral, vamos crescer com estas três marcas.
O Walmart também é um forte concorrente na região Sul. O que o sr. acha da política da rede, conhecida como “Preço Baixo Todo dia”? Não vai dar certo. Eles já tentaram implantar esta política quando chegaram ao Brasil. Pouco tempo depois desistiram e agora estão retomando. É cultural. O brasileiro está acostumado com promoções. Fazemos pesquisas semanais de preços na concorrência e mantemos valores melhores em diversos produtos. E ainda temos a vantagem de fazer as promoções.
Em 2009, o sr. disse que a GPA Malls tinha 15 empreendimentos prontos para lançamento mas até agora apenas dois saíram do papel. O que motivou o atraso? Temos 12 projetos prontos. E isto quer dizer que temos estudo e terreno disponíveis. Em todos os empreendimentos trabalhamos com permuta. Entramos com o terreno e exigimos o valor em apartamentos então, precisamos selecionar muito bem os nossos parceiros.
Veículo: Brasil Econômico