Cada vez mais o varejo vivencia o crescimento dos atacados médios na esteira da melhoria na renda de consumidores que estão em locais como as Regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste, além do interior paulista.
O cenário vem da preferência do consumidor, que parece se deslocar com maior ênfase para supermercados e atacados de médio porte, refletindo a crescente atenção do novo comprador - que está de olho em lojas de vizinhança, pela comodidade. É o que aponta estudo da Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores (Abad), sendo a amostragem realizada com um número recorde de 428 participantes este ano, número que representa quase 40% do segmento.
De acordo com a entidade, o Ranking Abad/Nielsen aponta que o segmento atacadista distribuidor cresceu 2,2% (8,8% nominais) em 2011 sobre 2010 e atingiu faturamento total de R$ 164,5 bilhões. Em um mercado de consumo que representou uma receita de R$ 317,6 bilhões no ano passado, os agentes de distribuição responderam por 51,8% da movimentação. As principais razões do crescimento acentuado dessas empresas são o maior conhecimento do seu território e menor custo de atendimento. "A tendência é que as empresas regionais continuem a crescer mais do que as nacionais", declarou Nelson Barrizzelli, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA).
Com o setor aquecido, várias empresas do ramo mantêm planos de ampliar os horizontes. Na cidade paulista de São Carlos, por exemplo, o grupo atacadista Tenda terá novas operações no início em julho próximo, em que irá gerar de imediato 300 empregos no município, além de outros 900 indiretos. Fundado em 2001, o Tenda mantém suas operações de atacadista distribuidor com a comercialização de mais de 10 mil itens, com cerca de 1 milhão de clientes ativos cadastrados e cerca de 3.200 colaboradores atuando em diversas áreas.
O novo prédio terá 4.500 metros quadrados de área de vendas e outros 2.000 metros quadrados destinados à infraestrutura e ao estacionamento (400 vagas). Ficará localizado no Jardim Novo Horizonte, às margens da Rodovia Washington Luís (SP-310) na altura do km 228 (sentido capital-interior). O Tenda está presente na capital e outras 13 cidades do estado de São Paulo. A loja de São Carlos será a 17ª da rede atacadista. Segundo o vice-presidente do grupo, Fausto Severini, o Tenda se destaca na modalidade de autosserviço, atividade que corresponde a mais de 80 % dos negócios do grupo.
Outra rede que reforça a atuação é o Atacadão, que pertence ao Carrefour, vice-líder do setor supermercadista brasileiro, atrás apenas do Grupo Pão de Açúcar (GPA). A empresa, abriu as portas de mais uma unidade, desta vez na cidade de Bauru (SP), este mês, poucos dias após inaugurar sua nova loja em Porto Alegre (RS). A previsão é que 120 mil clientes de Bauru e região sejam atendidos mensalmente. Com localização privilegiada, na Av. Nações Unidas, 50/98, com acesso pelo Ceagesp, e estacionamento com 444 vagas, no último dia 3 de maio a empresa deu mais este salto, confirmando o plano de expansão do grupo, que chega a marca de 84 unidades de autosserviço no País.
Considerada uma das bandeiras mais fortes no segmento, segundo informações da empresa, a rede encontrou uma região em que também pode manter a perspectiva de consolidação de sua atuação no Estado de São Paulo, onde passa a contar com 26 lojas, entre Grande São Paulo, interior e Baixada Santista.
Ranking
A atenção do Atacadão faz todo sentido no que diz respeito ao ranking da Abad, que justamente analisa a regionalização como e uma constante nos últimos anos. Tanto que as pequenas e médias empresas regionais crescem mais porque conhecem melhor a sua área de atuação e estão mais próximas de seus clientes, explicam especialistas do setor.
"O novo consumidor busca cada vez mais qualidade e variedade, o que o pequeno varejista muitas vezes não pode oferecer. É preciso conhecer o perfil do novo consumidor e buscar sua fidelização por meio de adequação do mix, modernização da loja e aperfeiçoamento do atendimento, principalmente se atentarmos para o fato de que a classe C brevemente dará lugar a uma nova classe B, com perfil ainda mais exigente e em busca de produtos e serviços cada vez mais diferenciados", declarou o presidente da Abad, Carlos Eduardo Severini, por meio de nota.
A Abad, além disso, pela primeira vez neste ano mensurou o engajamento das empresas atacadistas em ações de responsabilidade social. O levantamento mostrou que 44,1% das empresas respondentes realizam algum tipo de trabalho nesse sentido e pretendem manter essas ações.
Veículo: DCI