O Walmart no Brasil conseguiu respirar mais aliviado no começo deste ano. A operação local registrou bons resultados nos primeiros meses de 2012 e cresceu mais que o Carrefour no país de janeiro a março. Isso acontece um ano após o início de implementação de uma nova política comercial da varejista no país e de um processo de redução de despesas operacionais da rede.
O Walmart atravessa um processo de reorganização interna no Brasil, com a implementação da política do "preço baixo todo dia", com estratégia focada em preços ao consumidor abaixo da média do mercado, segundo diz a empresa, em vez de ações promocionais pontuais nas lojas. Custos internos também têm sido revistos nos últimos meses. "Completamos um ano de aniversário do EDLP [every day low price] e os números mostram que o processo está funcionando", disse Marcos Samaha, presidente do Walmart Brasil, que estava ontem no escritório da varejista para América Latina em Miami, nos Estados Unidos.
O comando do grupo no mundo abordou o assunto ontem, em teleconferência com analistas. "Fizemos progressos para reduzir a estrutura de custos no Brasil", disse aos analistas Mike Duke, CEO mundial. "Tenho orgulho de dizer que as despesas operacionais no Brasil no primeiro trimestre estão crescendo de forma mais lenta do que as vendas", afirmou minutos depois, Doug McMillon, presidente do Walmart International.
"Nós precisamos melhorar os lucros e retornos do Walmart International, especialmente no Brasil na e China", completou Charles Holley, chefe da área financeira do Walmart no mundo, reforçando que esse é um processo em andamento. McMillon e Duke estiveram em São Paulo no mês passado, em reunião do conselho de administração da companhia.
Segundo dados publicados ontem, para o critério de "mesmas lojas" (pontos em operação há mais de 12 meses), o Walmart registrou alta de 8,6% (incluindo postos de combustível e farmácias) nas vendas brutas e o Carrefour, 7,2%. No último trimestre de 2011, o Walmart registrou queda nas vendas "mesmas lojas" de 0,5% e o Carrefour, crescimento de 4,9%.
No Grupo Pão de Açúcar, ao se contabilizar apenas a operação alimentar de janeiro a março, a alta foi de 9,3% - foi a rede de varejo alimentar que mais cresceu no começo do ano, na comparação de "mesmas lojas". Carrefour e Walmart não informam dados sobre lucro e margem operacional para que possam ser comparados.
Sobre o assunto, Samaha diz que a empresa "tem resultado positivo e opera no azul", ressaltando que a redução em despesas recentes favorece a linha final do balanço. "Na política do preço baixo todo dia, você planeja melhor entregas, porque você não vive de promoção, com picos de venda de produto. Isso faz cair custos, como frete. Além disso, eu não preciso gastar tanto em publicidade porque não fico brigando em preço. Economizo aí também", disse ele.
O executivo da rede no Brasil antecipou ainda a informação de que o Walmart vai iniciar no país nos próximos meses um processo de conversão dos sistemas de lojas, unificando o programa de comunicação que existe entre as diferentes bandeiras. O Walmart é dono do Bompreço, no Nordeste, e da rede BIG, no Sul. "Eu entrei em 2010 para trabalhar isso e agora vamos fazer."
Nos últimos 12 meses, a rede abriu 51 novas lojas no Brasil, que elevaram a soma total de pontos do grupo no país para 531. O Grupo Pão de Açúcar, na área alimentar, soma 626 pontos e o Carrefour, 241 pontos.
Veículo: Valor Econômico