A rede Assai Atacadista, um dos braços operacionais do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e considerada a maior rede varejista do Brasil, percebeu que modificar a estrutura de suas operações e alguns dos setores existentes nas lojas seria algo viável para um maior rendimento ao longo deste ano. Agora com foco maior em pequenos e médios comerciantes que atuam próximos a esses estabelecimentos espalhados pelo Brasil, o Assai, depois de pesquisas, modificou o layout das lojas, refinou os produtos oferecidos nas gôndolas dos espaços chamados de "atacarejo" - que vende em pequenas e grandes quantidades - para trazer mais comodidade ao seu ponto de interesse, como explica Belmiro Gomes, diretor de Atacado Autosserviço do GPA.
"Nossa operação sempre foi focada na pessoa jurídica, e após estudos percebemos ampliar as opções para os pequenos comércios que estão próximos as nossas lojas, foi dada uma maior atenção aos revendedores", explica em entrevista ao DCI.
Ainda segundo informações do diretor da rede, foram retirados as padarias e os açougues, pois na visão estratégica da empresa deixá-los "seria afastar esses empresários por sermos concorrentes, e além de o grupo entender que com as outras operações, Pão de Açúcar e as vertentes do Extr, seria possível atender a demanda", completa. Vale ressaltar que, segundo informações da rede, foi dada maior atenção a artigos para fabricação de massas e pães para não perder clientes.
Belmiro, quando questionado se com as medidas adotadas pelo grupo, de focar mais no comerciante e menos no consumidor final, seria afastar este do espaço, afirmou que, mesmo com as modificações, a rede acresceu 12% suas vendas das mesmas-lojas (lojas comparáveis), o que prova que o Assai consegue operar de forma conjunta com os dois públicos distintos. Em 2011, a empresa registrou vendas brutas de R$ 4,3 bilhões e apresentou crescimento de 32% em suas operações. "Tivemos um aumento de 12% nas vendas nas mesmas-lojas. Com as mudanças você perde em número de operações, mas ganha no volume de vendas", disse o executivo.
A mudança de posicionamento tende a chamar a atenção do setor. Para o especialista em varejo e atacado Maurício Galhardo, sócio-diretor da Praxis Education, ao modificar suas operações, esses players de mercado passam a entender a nova demanda. "Os consumidores vão em busca de locais que atendam a sua necessidade. Se procuram grandes redes supermercadistas é porque têm gama grande de produtos e estacionamento, que hoje em dia é indispensável ao consumidor. Se buscam por 'atacarejo' estão à procura de preço", explica.
Estratégia
A rede atacadista que tem como maiores concorrentes o Atacadão, de propriedade da rede francesa Carrefour, o Makro, líder no setor segundo ranking da Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores (Abad), além de outros em operação no País - tem como objetivo aumentar sua rentabilidade, otimizar seu capital de giro, além de ter um portfólio de produtos que atendem da melhor forma as necessidades de seus clientes.
Para isso a rede aumentou a área de estocagem de suas lojas, e renovou em cerca de 30% do sortimento oferecido. "Diminuímos para 7 mil os produtos oferecidos, pois à medida que você foca mais no cliente comercial a necessidade de ter vários itens com marcas diferentes é menor. Com isso temos também um menor custo operacional", como define Belmiro, diretor do GPA.
A informação é ressaltada também por Galhado, da Praxis Education. O especialista afirmou que, por mais que você diminua o número de produtos oferecidos e o cliente não encontre aquele item que realmente quer, nas operações de atacado ele, devido ao preço, opta por outra marca.
"Diferentemente do varejo, em que o cliente escolhe o lugar por saber que encontrará o produto preferido; no atacado, por mais que a marca preferida não esteja disponível, esse consumidor não se importará em levar outra marca devido ao preço oferecido."
Ainda com a experiência de Galhardo, o que tem aumentado a concorrência entre os atacadistas, são os supermercados que, para atrair um número maior de clientes e por consequência ter um volume de vendas mais robusto, têm oferecido promoções em que produtos comprados em maior quantidade - ainda menores que as estabelecidas pelas empresas atacadistas -, saem mais barato ao consumidor. "Para o atacadista, esse tipo de medida não é viável, pois ele trabalha com um preço mais competitivo, por mais que ele tenha volume de vendas, a operação pode trazer um retorno financeiro menor".
Este ano, o Assai pretende inaugurar 7 novas lojas ao longo de 2012, além de dar início à construção de mais cinco ou seis. A rede tem expectativa de crescer suas operações nas Regiões Nordeste e Sudeste.
Veículo: DCI