Filial brasileira entra em investigação do Walmart sobre suborno

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Advogados da rede Walmart informaram dois congressistas americanos que o Brasil foi um dos países alvo de investigações da rede para verificar se a subsidiária teria pago propina para conseguir agilizar a expansão no país. Os advogados não confirmaram se algo foi identificado, mas informaram que o Brasil é um dos cinco países - ao lado de México, China, Índia e África do Sul - com o maior risco de se verificar a corrupção empresarial envolvendo a rede varejista. O Walmart está no Brasil desde 1995.

Esse tipo de corrupção envolve atividades ilegais com o objetivo de manter a companhia competitiva no mercado. Pode ser pelo pagamento de propina para funcionários públicos para acelerar a liberação para abertura de lojas e centros de distribuição, por exemplo. Questionada sobre a informação e sobre o andamento das investigações no Brasil, a subsidiária da varejista decidiu não se manifestar sobre o assunto. A rede soma em 520 lojas no Brasil.

Advogados mencionaram que a apuração de desvios continua em diversos países, mas não esclarecem se ainda está em andamento no Brasil. Em 2010, a rede mudou o comando no país - saiu Hector Nunez e entrou Marcos Samaha. Os advogados envolvidos na apuração são do escritório de advocacia Greenberg Traurig and Akin Gump Strauss Hauer & Feld. A empresa contratada pelo Walmart tem operação em São Paulo.

Procurado pelo Valor, o escritório americano e os congressistas Elijah Cummings e Henry Waxman, que têm recebido as informações dos advogados, não retornaram o contato.

A rede americana já havia informado em abril que decidiu promover uma "verificação rigorosa" nos países onde opera, para avaliar a existência de "desvios de conduta" como aqueles verificados no México, mas não havia citado nenhum país em especial. A notícia a respeito do questão foi publicada pelo "The New York Times" em abril, quando o veículo informou que a rede no México teria pago propina para agilizar a obtenção de licenças para novas lojas.

Na época, o jornal informou que o Walmart já tinha conhecimento dos problemas no México, mas não teria informado as autoridades. Em nota oficial de abril, a rede informa que desde 2011 "tem avaliado de forma profunda políticas e procedimentos em todos os países em que operamos", e continua: "Isto inclui o desenvolvimento e implementação de recomendações para treinamento de FCPA [práticas anticorrupção no estrangeiro] e controles internos".

No varejo brasileiro, as licenças envolvendo alvará de funcionamento têm sido solicitadas pelas empreiteiras contratadas, que cuidam desse processo burocrático, segundo executivos do setor no país ouvidos ontem.

A expectativa de analistas de varejo no país é que essa situação possa afetar as operações em locais onde os riscos de corrupção são mais altos. "Eles podem acabar engessando mais processos internos em alguns países se acharem que não viram algo que deveriam", disse um ex-executivo da rede no Brasil. O Walmart já disse que vai ser mair rigoroso na atuação de seu departamento de controles internos no mundo.



Veículo: Valor Econômico



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