Alimentos alavancam ganho do Pão de Açúcar

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Em um período de desaceleração da economia, triplicar os rendimentos chama atenção, e este é o caso do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que viu o resultado depois de direcionar mais enfoque (e investimentos) para a área de supermercados, ao contrário de períodos anteriores em que a empresa parecia dar mais atenção aos eletroeletrônicos, ao comércio eletrônico (e-commerce) e outros segmentos, como vestuário.

No segundo trimestre deste ano, a rede varejista - que reafirmou o investimento de R$ 1,8 bilhão para 2012 - deu maior atenção às lojas de GPA Alimentar: as bandeiras supermercadistas. Assim, alcançou lucro líquido de R$ 255 milhões, crescimento de 179% ante aos R$ 91 milhões do mesmo período de 2011.

Na comparação semestral, o lucro líquido nos seis primeiros meses de 2012 foi RS 421 milhões, expansão de 88,5% ante os R$ 223 milhões, vistos no mesmo período de 2011.

Ontem, por meio de teleconferência, executivos da empresa anunciaram que do valor a ser investido este ano, R$ 1,4 bilhão serão para os supermercados (Pão de Açúcar, lojas multiformatos Extra e o braço de atacado Assaí). O restante será destinado às redes da Via Varejo - Casas Bahia e Ponto Frio: R$ 400 milhões.

Até junho, a companhia - que recentemente teve mudança de comando quando o presidente do Casino se tornou acionista controlador- desembolsou R$ 633 milhões do total estimado para este ano. A cifra é 10,5% superior ao investido no primeiro semestre do ano passado.

O GPA, no período informado, abriu três lojas das bandeiras operadas pela Via Varejo, ao passo que inaugurou 14 lojas do GPA Alimentar. Ainda assim, 18 lojas da operação de eletroeletrônicos estão em construção.

Segundo Enéas Pestana, presidente do grupo, a empresa estima que o mercado interno consumidor esteja aquecido, o que ajudará o grupo cumprir as metas de expansão. "Em uma visão macroeconômica vemos que o Brasil pode continuar a crescer. O baixo nível de desemprego, as quedas da taxa básica de juros [Selic] e a inflação controlada são favoráveis ao varejo", disse o executivo. Pestana aponta que reuniões com o governo dão a entender que o empenho do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segue neste sentido.

Investimentos

No seis primeiros meses deste ano foram utilizados cerca de 62% do valor previsto para investimento em 2012, sendo R$ 392 milhões aplicados no segundo trimestre. O valor foi dividido em R$ 73 milhões na Via Varejo e R$ 318 milhões de GPA Alimentar. Com os aportes, o Grupo Pão de Açúcar atingiu o lucro líquido consolidado (em que estão todas as operações, incluindo os postos de gasolina, farmácia e o GPA Malls & Properties) maior no segundo trimestre.

A receita bruta de vendas foi de R$ 13,5 bilhões, um crescimento de 7,2% em relação ao igual período do ano passado. O Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 787 milhões, um aumento de 22,8% no período analisado.

Sem incluir os resultados dos empreendimentos imobiliários da rede, as vendas brutas do GPA Alimentar cresceram 5,9% na comparação do segundo trimestre de 2012 com o mesmo de 2011.

José Roberto Coimbra Tambasco, diretor- -vice-presidente-executivo de Negócios do varejo da rede, apontou que as vendas dos segmentos alimentar e atacado foram positivas no período apresentado. Nas "mesmas lojas", ou lojas comparáveis, o grupo apresentou índice de 4,7%, ou menos 0,2% em termos reais, o que, segundo Tambasco, foi influenciado pela sazonalidade do varejo no País.

"No ano passado, a Páscoa caiu no segundo trimestre, diferentemente deste ano, em que a data impactou os resultados do primeiro trimestre", afirmou.

A receita de vendas foi 5% maior na comparação com 2011, influenciada pelos seguintes fatores: novos produtos na cesta básica de compras do consumidor da rede, incremento das vendas no formato proximidade com a operação Minimercado Extra e nos supermercados da rede.

"As vendas nesse trimestre foram abaixo das dos últimos trimestres. Além disso, nos meses de abril e maio, tivemos deflação em produtos como frutas, verduras e legumes. Mas, na outra ponta, tivemos as classes C e D comprando mais produtos de bazar, perfumaria, rotisseria e perecíveis, entre outros", explica Tambasco.

O crescimento de vendas também atingiu as operações da Casas Bahia e do Ponto Frio, que foram impulsionadas por datas comemorativas como o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. O crescimento nas "mesmas lojas" foi de 6,3%, conforme Raphael Klein, presidente das operações já mencionadas.

A desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi um dos impulsionadores da rede, que conseguiu reverter os prejuízos vistos em trimestres anteriores.

"Estamos no caminho certo, nossas vendas estão em linha com as expectativas da empresa", apontou o executivo.

No braço de varejo eletrônico NovaPonto.com, a intenção da empresa é gerar caixa para operação e, no final do ano, apresentar números mais expressivos. É o que afirma German Quiroga, executivo-chefe (CEO) deste braço operacional da empresa. "Não vamos jogar o jogo da concorrência. Resolvemos primeiro gerar valor para ter caixa crescente", enfatizou.

Atacado

As operações do atacado de autosserviço Assaí, que haviam sido reformuladas anteriormente para atrair um número maior de pessoas jurídicas (pequenos comerciantes), tiveram resultado mais expressivo: incremento de 11,1% no segundo trimestre, em suas vendas brutas. Belmiro Gomes, diretor dessa vertente do GPA, afirmou que a rede terminou a adequação do sortimento inicializado no segundo semestre do ano passado, o que resultou em um aumento do tíquete médio das compras efetuadas nas lojas desta bandeira de atacado.

Para o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, a conjuntura econômica positiva, mesmo com o varejo um pouco mais desaquecido atualmente, não parece tirar a intenção da rede de continuar em evolução. "Para ter bons resultados em nossas operações nós vamos fazer o que for necessário", finalizou.

 
Braço imobiliário da rede vira destaque

Anteriormente pouco representativo no balanço do primeiro trimestre do Grupo Pão de Açúcar (GPA), o braço imobiliário da rede, GPA Malls & Properties (GPA M&P), que é voltado à procura e compra de terrenos para expansão das lojas de varejo do grupo e dos postos de gasolina de bandeira Extra, ganhou destaque nos resultados do Grupo neste segundo trimestre.

Sendo estruturada há cerca de quatro anos por Caio Mattar, a empresa passa agora a ter um CEO, Alexandre Vasconcelos, conforme anunciado durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre.

Segundo Enéas Pestana, presidente do Pão de Açúcar, o executivo veio para agregar maior valor à operação de imóveis do Grupo. "Apoiado pelo Caio, que já apresentou bons resultados, Vasconcelos vem para ajudar a explorar nosso artigo imobiliário para trazer receitas recorrentes ao grupo", afirmou o executivo.

Neste segundo trimestre, o GPA Malls teve receita bruta de vendas de R$ 98 milhões, por conta de permutas com a construtora Cyrella e a Pitangueiras Desenvolvimento imobiliário. Fora isso, a teve resultados influenciados por empreendimentos como o Thera Faria Lima Pinheiros, lançado em outubro do ano passado, mas que deverá ser ainda mais representativo nos próximos meses. "Em quatro anos foram três empreendimentos com o GPA M&P, que entrou com o terreno, e os parceiros com a construção e comercialização de imóveis residenciais ou comerciais", disse Mattar. O Casino indicou e o conselho aceitou Christophe Hidalgo para assumir o cargo de diretor de Finanças e Serviços Corporativos da companhia.

Veículo: DCI


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