A onda de interesse em abrir o capital parece ter voltado ao comércio varejista, após os anúncios de crescimento no segmento este ano, ainda que em ritmo menos acelerado. Com a perspectiva de que o varejo será beneficiado pelas ações do governo federal para estimular o consumo, ainda que a estratégia venha sendo contestada por vários analistas do comércio e do setor de franquias, empresas que atuam em áreas como a de livrarias, e, claro, a do setor supermercadista, são as interessadas. No caso dos supermercados, o setor acaba de rever para cima o desempenho para este ano, quando projeta crescer 5% ante o resultado do ano passado.

Presidente-executivo da rede Sonda Supermercados, José Domingo Barral afirmou ontem que o grupo está preparado para a abertura de seu capital. De acordo com o executivo, que já atuou no Pão de Açúcar e liderou o processo de reestruturação do Assaí, a empresa tem pronta toda a estrutura para um IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês). "Meu papel é deixar a empresa pronta para que ela funcione independente de quem estiver sentado na minha cadeira ou na dos acionistas. Ainda não temos um conselho administrativo, mas estamos desenvolvendo isso agora", disse. Barral foi contratado há quase dois anos para profissionalizar a rede de supermercados da família Sonda.

O empresário está há 22 meses na presidência do Sonda e ressaltou que a decisão de qual caminho seguir depende dos acionistas da companhia, que devem avaliar qual decisão trará melhores resultados. "Eu sempre disse que gostaria de ser uma ferramenta para ajustar a empresa", comentou José Barral.

As declarações do especialista no varejo foram feitas ontem, no evento Brazilian Retail Week (Semana do Varejo Brasileiro), encontro do setor que nos dois últimos dias reuniu, em São Paulo, empresários do varejo brasileiro para uma sequência de palestras sobre as atuais tendências do mercado brasileiro, com temas diversos e apresentação de cases de sucesso.

Quem estava na mesma roda de debates que o executivo do Sonda era Pedro Herz, proprietário da rede Livraria Cultura, e que disse o mesmo sobre sua empresa. "A Cultura é uma empresa de capital fechado, mas que já funciona como se tivesse capital aberto, uma espécie de ensaio para ser assim no futuro", explicou Herz. O executivo acrescentou não saber exatamente quando isso poderá vir a acontecer, mas analisa a questão.

Atualmente esta rede de livrarias tem 20% de participação do Capital Mezanino, fundo administrado em parceria pela gestora de recursos Neo Investimentos e pelo Banco Itaú. O restante é controlado pela família Herz.

Outro tema bastante abordado pelos executivos do varejo no evento do setor foi o comércio eletrônico (e-commerce). "Os varejistas tradicionais continuam a investir no canal digital e a propaganda on-line vem assumindo um papel cada vez mais importante no Brasil. Penetrar na Internet atualmente está muito mais fácil para todas as empresas", afirmou Daniel Domeneghetti, CEO da E-Consulting.

A Brazilian Retail Week também contou com apresentações de empresários como Daniel Maia, gerente de Relações com Investidores da Arezzo&Co, Alessandra Restaino, presidente da Le Postiche, José Furian Filho, vice-presidente de Negócios dos Correios, e Pedro Sarro, que é diretor de Sustentabilidade da empresa Leroy Merlin.

Alguns dos outros assuntos discutidos no encontro de negócios do setor na capital paulista foram áreas como a geração de experiências positivas de consumo com consistência, além do varejo de luxo e do crescimento dos serviços financeiros no mercado, sem deixar de lado como devem estar as expectativas para as vendas no período de Natal.

Calçados

No caso da Arezzo, uma das empresas representadas ontem na Brazilian Retail Week, os resultados têm apresentado forte crescimento. A empresa apresentou ontem também o balanço financeiro. A empresa apontou ter registrado lucro líquido de R$ 25,7 milhões no segundo trimestre de 2012, avanço de 7,2% ante os R$ 24 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. No semestre, porém, a queda foi de 5,6%, para R$ 36,6 milhões, em relação a igual período anterior.

A receita líquida da companhia subiu 31% na comparação do trimestre de abril a junho de 2011 e de 2012, passando de R$ 152,2 milhões para R$ 199,4 milhões. No acumulado dos primeiros seis meses, a receita totalizou R$ 360,8 milhões, alta de 24%.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 34,6 milhões no segundo trimestre, crescimento de 22,4% na comparação com os R$ 28,2 milhões de um ano antes. No primeiro semestre, o Ebitda da companhia foi de R$ 49,3 milhões, variação positiva de 0,6% em relação ao mesmo período de 2011.



Veículo: DCI