O Casino quer implantar novos mecanismos de governança no Grupo Pão de Açúcar (GPA), após ter assumido o controle de fato da empresa, em junho. Ontem, o conselho de administração de Wilkes, holding controladora da varejista que reúne o grupo francês e Abilio Diniz, aprovou, com voto contrário do empresário brasileiro, que propostas nesse sentido sejam avaliadas pelo conselho de administração do GPA.
A notícia seria boa em qualquer empresa. Mas no caso em questão, tudo indica que esse será o estopim de mais uma briga na belicosa convivência entre Casino e Abilio Diniz, presidente do conselho de administração e, desde junho, minoritário do grupo que ajudou a fundar. O conselho de Pão de Açúcar avaliará as medidas no próximo dia 27. Caso aprovadas, serão encaminhadas para assembleia do Pão de Açúcar.
Na segunda- feira, Abilio havia encaminhado uma carta ao Casino, negando- se a convocar a reunião. Ele alegou que o objetivo do grupo francês seria, na verdade, reduzir seu poder como presidente do conselho, o que feriria o acordo de acionistas existente entre eles desde 2006.
Entre as medidas sugeridas pelo Casino estão a instalação de um comitê de governança, de um comitê de auditoria e algumas modificações sobre quórum de reuniões.
Esta difícil para o investidor de Pão de Açúcar medir as reais intenções de governança de seus principais acionistas. Tudo indica que está em jogo uma briga de poderes, pano de fundo de uma negociação que anteciparia a saída de Abilio Diniz da sociedade.
Durante a reunião de Wilkes, ontem, o Casino apresentou em seu voto argumentos contra as críticas feitas por Abilio Diniz na carta de segunda-feira.
As negociações entre os sócios estão mornas desde que o Casino assumiu o controle, conforme previa o acordo de acionistas de 2006. Tudo indica que os conselheiros independentes terão de ter cabeça fria para se manterem focados apenas no interesse da companhia, sem se contaminar pelos objetivos de cada um dos sócios.
Veículo: Valor Econômico