O grupo francês Casino, que assumiu em junho o controle do Pão de Açúcar, e o empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo, travam nova disputa pelo poder na companhia.
O Casino fez uma série de propostas de mudança para aumentar a transparência na gestão, mas o empresário se recusou a discuti-las por entender que se tratava de uma tentativa de diminuir sua influência na empresa.
O que motivou a nova queda de braço entre Casino e Abilio foi um pedido feito pelo grupo francês na semana passada para mudar regras de governança corporativa da companhia.
Em carta enviada ao empresário, os franceses pediram a criação de dois comitês --de auditoria e de governança corporativa-- e a criação do cargo de vice-presidente do conselho de administração do grupo Pão de Açúcar, entre outras.
Como envolve mudança no estatuto, as novas regras precisam ser discutidas no conselho e passar pela assembleia de acionista.
Abilio, por sua vez, entendeu as propostas como uma violação ao poder que detém como presidente do conselho de administração do grupo.
O empresário do grupo argumentou que já existe um conselho fiscal com as mesmas atribuições que teria o comitê de auditoria. A função de vice-presidente, de comandar a reunião do conselho em sua ausência, é uma atribuição dele que indica quem o representará se não estiver presente.
Abilio diz não ter ressalvas para a criação do comitê de governança, que zela por práticas de transparência no comando de uma companhia. Mas propõe a ida do grupo Pão de Açúcar para o Novo Mercado da Bolsa, segmento com regras de alta transparência e governança para as empresas.
Para o Casino, as mudanças são necessárias para adequar o grupo às orientações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
Veículo: Folha de S.Paulo