Conheça Arnaud Strasser, homem de confiança de Jean-Charles Naouri, que trocou a França pelo Brasil para acompanhar de perto o Pão de Açúcar.
Nos últimos 12 anos, o grupo varejista francês Casino manteve uma relação de distanciamento e ao mesmo tempo de proximidade com o Brasil. Desde 1999, quando investiu pela primeira vez no Pão de Açúcar, a companhia nunca indicara um compatriota para os quadros da diretoria da operação brasileira. Tampouco Jean-Charles Naouri, o CEO do Casino, se animara a enviar um representante pessoal ao País para ficar próximo do negócio. Esse relativo afastamento não significava que os franceses não estavam atentos ao que se passava por aqui. Naouri era figura presente nas reuniões de planejamento estratégico do grupo, como as que aconteciam na fazenda de Abilio Diniz, seu sócio brasileiro, nas proximidades de Brotas, a 245 quilômetros de São Paulo, desde 2005.
Nessas ocasiões, conselheiros e diretores se reuniam por até três dias para discutir as estratégias do Pão de Açúcar. Era um momento raro, no qual Naouri debatia pessoalmente com os executivos do grupo. Na verdade, quem fazia a ligação com o comando do Casino era o próprio Diniz, que durante muito tempo manteve uma reação quase fraternal com o sócio estrangeiro. Ao assumir o controle do Pão de Açúcar, em junho deste ano, Naouri resolveu mudar de procedimento. Ele despachou para viver temporariamente em São Paulo, um homem de sua inteira confiança. Trata-se do francês Arnaud Strasser, de 43 anos, atualmente diretor-executivo de desenvolvimento e participações do Casino, cargo que ocupa desde 2010. Antes, ele fora conselheiro de Naouri para negócios internacionais.
Strasser já alugou casa na capital paulista e está se mudando para cá com sua mulher – o casal não tem filhos. “Ele viaja bastante, mas deve passar mais tempo no Brasil do que na França”, afirma uma fonte do Casino. O executivo francês não é uma figura exatamente desconhecida dos diretores do Pão de Açúcar. Ele é membro do conselho da companhia e um dos conselheiros da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar e da qual o Casino agora detém a maioria. Vinha ao Brasil ao menos uma vez por mês. Durante a crise entre Naouri e Diniz, foi um importante observador para seu chefe francês, quando as visitas passaram a ser quinzenais. Em sua nova missão no Brasil, Strasser não terá um cargo executivo. Espécie de embaixador da matriz, ele deverá ser mais atuante no conselho de administração do Pão de Açúcar.
Cogita-se também a criação para ele de um cargo de vice-presidente do conselho, que é presidido por Diniz. Strasser dará também apoio a Enéas Pestana, CEO do grupo Pão de Açúcar, visto no passado como homem de confiança de Diniz, mas que recebeu carta branca para tomar decisões referentes ao grupo, como a demissão, na semana passada, de três vice-presidentes do grupo (veja o quadro abaixo). “O Enéas está totalmente empossado”, afirma pessoa próxima ao Casino, indicando que os franceses confiam no executivo. Strasser é conhecido pela extrema disciplina e organização, reforçadas por alguns anos de carreira militar. Antes de ocupar cargos civis no governo francês, ele foi tenente-coronel da Marinha francesa. Espartano, costuma viajar na classe econômica em suas vindas para participar das reuniões do conselho do Pão de Açúcar.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro