Apesar dos seus 77 anos de vida e de 29 mercados no RS, rede ainda não chegou ao litoral gaúcho e tem fraca presença em SP
Pressa não é uma palavra comum entre os gaúchos do grupo Zaffari. A empresa possui 29 supermercados no Rio Grande do Sul e um em São Paulo, expansão tímida para seus 77 anos de varejo. Mesmo com uma concorrência agressiva em seu encalço, Claudio Zaffari, presidente da companhia, não vê motivo em acelerar a expansão para o restante do país. “No Rio Grande do Sul ainda nem conseguimos chegar às cidades de praias”, afirma em entrevista exclusiva ao BRASIL ECONÔMICO.
Assim, o Rio Grande do Sul continuará no foco. EmSão Paulo, o grupo possui um terreno na Av. Doutor Chucri Zaidan, mas ainda não decidiu o que fazer com ele. “Estamos estudando as possibilidades”, diz. Além dos supermercados, a companhia é dona de oito shopping centers e recentemente comprou o fundo de investimento imobiliário Páteo Moinhos de Vento, proprietário de um hotel Sheraton e do prédio do shopping Moinhos de Vento, ambos em Porto Alegre.
O empresário confirma a intenção de continuar investindo no mercado hoteleiro, mas ainda quer descobrir uma via para isto. “Estamos analisando o mercado. Não pensamos muito na Copa do Mundo”, diz. Um dos caminhos para este tipo de empreendimento é aproveitar as áreas de estacionamento dos supermercados. Utilizar melhor estes espaços tem sido comum entre os varejistas, já que os terrenos nas grandes cidades estão muito caros para ficarem ociosos. O grupo Pão de Açúcar, por exemplo, tem feito parcerias com incorporadoras para lançar edifícios residenciais ao lado de suas lojas.
Tranquilidade
A expansão morosa do Zaffari pode causar espanto quando pensamos no grande movimento de fusões e aquisições observado do mercado. Especialistas pregam que o único jeito para sobreviver neste cenário é acelerar a expansão, seja com a compra de concorrentes ou por meio de crescimento orgânico (abertura de lojas). Mas esta regra não se aplica ao Zaffari, fato que intriga quem entende do assunto. “Não pensamos em aquisições”, afirma Cláudio. A varejista é soberana no Rio Grande do Sul e por lá, até hoje, causa dor de cabeça a gigantes como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart. Sobre a preferência do consumidor, Cláudio filosofa: “Na vida só amamos aqueles que conhecemos.”
Com faturamento de R$ 2,9 bilhões em 2011, a expectativa da companhia era alcançar crescimento real de 7,5% este ano. “Haverá crescimento, mas nossa meta está sendo revisada”, afirma. A projeção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) é que o segmento alcance alta real de 5% e o empresário acredita que seu grupo deva acompanhar este ritmo. “A economia teve mudanças este ano como nunca antes vistas. O consumidor deixou o consumo de alguns produtos de lado”, afirma.
A companhia está em sua segunda geração. Aos 97 anos, Santina de Carli Zaffari, mãe de Cláudio, ainda gosta de dar palpites na operação. Ao lado do marido Francisco, ela fundou a primeira unidade da empresa, um armazém de secos e molhados na cidade de Erechim (RS), em 1935.
Veículo: Brasil Econômico