Seguro e juro menor são armas para reconquistar público que tem trocado private label por débito
O Carrefour acaba de lançar um cartão com seguros, assistências e juro menor para consumidores de alta renda, em meio a um cenário em que esses clientes têm deixado de lado os plásticos de loja e aderido mais aos de débito. Dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que a posse de cartões de loja caiu de 34% em 2010 para 32% em 2012 entre os compradores das classes A e B. Já os cartões de débito subiram de 71% para 76% no período.
Boanerges Ramos Freire, consultor emvarejo financeiro, afirma que a segmentação da base de portadores de cartões de loja não é uma tendência. “Isso é muito usado pelos bancos e os varejistas, em contraste, até agora tem sido muito tradicionalistas e têm usado um produto para todo mundo, o que torna o cartão mais barato e simples de gerenciar”, afirma.
No entanto, de acordo com ele, segmentar é uma oportunidade de o varejista oferecer benefícios diferenciados que gerem mais valor a determinado cliente, aumentando a adesão ao plástico.
O cartão do Carrefour é voltado para os clientes com ganhos superiores a R$ 4,5 mil ao mês e será ofertado em um primeiro momento aos consumidores que já possuem plástico da varejista, emumprojeto-piloto em 2012. Ao longo de 2013, no entanto, os interessados poderão solicitar o cartão chamado de ‘La Carte’ nas lojas e por telefone.
O cartão é um private label com bandeira (Visa e Master- Card), que poderá ser usado no supermercado e também na rede credenciada das bandeiras — a propósito, todos os benefícios das bandeiras são disponibilizados, como assistência viagem e médica. Entre as novidades do plástico, está o oferecimento de um seguro de acidentes pessoais com capitalização, em que o titular concorre a sorteios de R$ 30 mil ao mês pela loteria.
Além disso, as taxas de juros dos cartões estão em até 6,9% ao mês para os Platinum e 9,9% para os Gold. A anuidade só é paga quando o cartão for usado. “Trata-se de um mercado promissor”, disse o Carrefour, em nota, ao BRASIL ECONÔ- MICO, sobre oferecer o produto à classe A, o que não disponibiliza em nenhum país no exterior em que atua.
De acordo com José Antonio Camargo de Carvalho, sócio da CardMonitor, a proposta de oferecimento de cartão private label para alta renda é interessante. “A vantagem, por exemplo, de um supermercado em relação aos demais varejistas é que todas as classes sociais frequentam o estabelecimento”, diz. Ele explica que a rede de supermercados terá de trabalhar com ações criativas de ativação, algo para um público mais sofisticado, de forma a manter sua utilização.
O executivo acrescenta que os cartões de varejo, se bem trabalhados, poderiam ter benefícios diferentes de acordo com o perfil de clientes de várias classes sociais. “Só não é comum por questões de escala, já que oferecer cartões para as classes de menor poder aquisitivo permite conquistar um número maior de clientes”, pondera
Veículo: Brasil Econômico