Ramatis, da Via Varejo,vai discutir corte de despesas com o presidente do Casino

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Antonio Ramatis Rodrigues, que substitui Raphael Klein no comando da Via Varejo, reúne-se com Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, nesta quarta-feira, na sede da empresa, em Paris. O Casino é o controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA), dono de 52,4% das ações de Via Varejo, maior varejista de móveis e eletrodomésticos do país, criada com a união de Casas Bahia e Ponto Frio.

Um dos assuntos principais da conversa será a necessidade de tornar a Via Varejo mais enxuta, com uma redução de custos profunda na rede. É o segundo encontro de Ramatis e Naouri. Estiveram juntos entre 22 e 24 de outubro, quando se acertava a possibilidade de indicar Ramatis ao cargo.

Ramatis ocupará a função no momento em que se define o futuro da rede no país. E esse cenário pesou na escolha de seu nome. Abilio Diniz, ex-controlador do Grupo Pão de Açúcar, propõe ao Casino ficar com a Via Varejo e deixar o grupo. A família Klein, sócia minoritária na Via Varejo, também tem interesse na compra do controle da varejista.

Por isso, nesse momento, o comando do Pão de Açúcar entendeu que é importante colocar na Via Varejo um executivo hábil, que consiga se posicionar frente aos sócios. E que possa trazer mais da cultura do Pão de Açúcar para dentro da Via Varejo. Ramatis não vai ser "uma vaquinha de presépio" e "vai fazer o que precisa ser feito sem fazer barulho", diz uma fonte a par do assunto. Para comandar a Via Varejo, na análise do GPA, é preciso um executivo que não entre com o "pé na porta", mas que tenha pulso.

Semanas atrás, a família Klein ameaçou entrar com um processo arbitral contra o Pão de Açúcar por conta de erros nos balanços de Ponto Frio, que teriam afetado o acordo de fusão com Casas Bahia. Na semana passada, essa posição parece ter mudado - Michael Klein (pai de Raphael e filho de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia) disse a Naouri que não mais abriria um litígio contra GPA.

No processo de definição do novo nome, as posições foram se alinhando nas últimas semanas. No encontro com Naouri, Michael Klein, que preside o conselho da Via Varejo, também disse que seu filho Raphael deveria permanecer na presidência de Via Varejo - a alternativa, segundo Michael, seria Roberto Fulcherberguer, diretor da Via Varejo ligado aos Klein.

Mas os Klein, que ficaram no comando de Via Varejo nos últimos dois anos, não têm direito de indicar um nome - pelo acordo de acionistas, isso cabia agora ao GPA. Abilio Diniz era favorável a um executivo ligado ao grupo e apoiou a escolha de Ramatis, quando lhe apresentaram a ideia.

Enéas Pestana, presidente do GPA, apoiava inicialmente o nome de um "reestruturador" a ser escolhido no mercado. Ao final, Casino e Pestana concluíram que Ramatis era a melhor escolha.

Este nome ainda resolve outra questão. O executivo não assinou o plano de retenção do Casino, criado neste ano para evitar perda de executivos. Essa discussão envolvia a evolução de sua carreira no GPA. Com a nomeação, os sócios afastam o risco perder um de seus mais experientes executivos. Ele deve assumir o novo posto até quinta-feira. Nesta quarta-feira, a indicação de Ramatis será apresentada ao comitê de recursos humanos do GPA e no dia seguinte o conselho de Via Varejo votará a indicação.

Via Varejo vende muito, mas lucra pouco. Na gestão de Raphael, ela saiu do prejuízo ao lucro, mas ainda está longe das expectativas do mercado. A receita líquida somou R$ 16,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano e o lucro líquido, R$ 88 milhões. A margem líquida, negativa em 2011, é de 0,6%.

Um comitê de caixa foi criado neste ano para "travar" as despesas da empresa. Ele avalia primeiro o gasto e só depois libera ou não. Para complicar o cenário, a concorrência apertou muito neste ano, nas lojas físicas e na internet - a empresa defende margem de lucro ou participação de mercado. "A competição piorou e, nesse cenário difícil, a empresa tem que evoluir nos seus controles de despesas. O balanço do terceiro trimestre mostrou melhoria, mas ainda ficou abaixo da nossa expectativa", diz Francisco Chevez, da equipe de análise do HSBC.

Procurados, Via Varejo e GPA não comentaram o assunto.



Veículo:Valor Econômico


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