O clima aparente de tranquilidade no Grupo Pão de Açúcar (GPA) durou pouco tempo. Os empresários da maior rede de varejo voltam à mesa de negociações. Abílio Diniz, filho do fundador do Pão de Açúcar, pode estar ensaiando sua saída definitiva da empresa, ou sua inserção na holding Via Varejo.
Já a família Klein, idealizadora da Casas Bahia, quer aumentar seu poder dentro da companhia, uma vez que Rafael Klein deixa a presidência da holding na próxima semana. Ontem, ele esteve reunido com o atual controlador do grupo, o francês Casino, com a intenção de comprar ações e até tornar-se sócio majoritário da empresa.
De acordo com a coluna on-line Radar, da revista Veja, os Klein têm ao menos R$ 3 bilhões para fechar o negócio. Bradesco, Citibank e JP Morgan poderiam financiar essa operação.
Procuradas, as financeiras afirmaram ao DCI que não comentam informações de seus clientes - menos a JP Morgan, que não respondeu até o fechamento desta edição.
Segundo Reginaldo Gonçalves, especialista da Faculdade Santa Marcelina (Fasm) é necessário analisar as possibilidades antes de fazer qualquer afirmação sobre as reais intenções dos executivos. "Precisamos analisar se o Abílio realmente quer sair do grupo, e se o Casino está disposto a pagar por isso", disse. Para Gonçalves, a investida da família Klein reforça a insatisfação dos executivos sobre o modo como a Casas Bahia tem sido administrada. "Eles não se sentem confortáveis com a gestão atual. Este é um dos motivos que os levam a querer ter a rede de volta", explicou.
Ainda na opinião do especialista, não se pode descartar a possibilidade de os executivos Abílio Diniz e Jean-Charles Naouri estarem juntos na empreitada de neutralizar as intenções dos Klein: "Tudo é possível nessa história", acredita.
Também não se pode descartar a possibilidade de os Klein conseguirem o que querem. "Tudo dependerá de como estão as operações da Via Varejo. Pode ser que o francês queira ficar apenas com as operações dos supermercados", enfatizou.
Outro ponto levantado por Reginaldo Gonçalves é o da retomada das negociações entre Abílio e o Carrefour, frustrada anteriormente pelo Casino.
"Não podemos descartar nada. Não é novidade no setor que o Carrefour quer se livrar das operações brasileiras", disse.
Veículo: DCI