Em litígio com Abilio Diniz, empresário quer controle da Via Varejo
Em uma reunião na manhã desta terça-feira, em Paris, o empresário Michel Klein vai tentar se reaproximar de Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, grupo francês que controla o Pão de Açúcar. Filho de Samuel Klein, o fundador das Casas Bahia, ele quer negociar uma saída para o clima conturbado que marca a relação de sua família com o Pão de Açúcar, desde que aceitou a fusão com o Ponto Frio proposta por Abilio Diniz, em 2009. Klein também levaria a Naouri uma proposta de compra do controle da Via Varejo.
Os Klein têm 47% das ações da Via Varejo, empresa que reúne as redes Casas Bahia e Ponto Frio, contra 52,4% do Pão de Açúcar. Há pouco mais de um mês, com base em relatório parcial de auditoria da KPMG, os Klein notificaram o Pão de Açúcar sobre supostas inconsistências encontradas em números do Ponto Frio à época da fusão e ameaçaram convocar uma câmara de arbitragem para resolver o caso. A ameaça desagradou a Naouri, que só aceitou falar com Michael depois de expirado os 30 dias dados pelos Klein para pedir a arbitragem.
A saída sonhada pelos fundadores das Casas Bahia seria a compra do controle da Via Varejo. Há meses, rumores de mercado dão conta de que os Klein já teriam se acertado com bancos e levantado grandes somas para esse fim, mas o Casino informa que em nenhum momento recebeu qualquer proposta formal dos sócios brasileiros. A Via Varejo fatura pouco mais de R$ 20 bilhões por ano e reponde por 40% das receitas totais do grupo Pão de Açúcar.
— Se você é comprador, não sai falando que a empresa vai bem, vale mais e que você vai comprar — questiona um executivo que acompanha os movimentos dos sócios do Pão de Açúcar sobre os repetidos vazamentos do suposto interesse dos Klein na compra da Via Varejo.
Casino não teria interesse
Outro problema para os Klein é que Abilio Diniz, já sem voz de comando no Pão de Açúcar, também busca uma saída honrosa do grupo fundado em 1948 por seu pai, Valentim dos Santos Diniz. Mesmo antes de passar o controle do Pão de Açúcar ao Casino, em junho deste ano, Diniz já negociava com Naouri uma alternativa. E a aquisição da Via Varejo seria o ideal, uma vez que Diniz continuaria no mercado de varejo com uma grande empresa e em um ramo em que não estaria impedido de atuar pelo contrato que fez com o Casino.
Pelo contrato assinado com o Casino em 2005, Abilio tem o direito de vender o resto da participação que detém no Pão de Açúcar entre 2014 e 2016, estimado em R$ 5,1 bilhões. Se não levar ativos do Pão de Açúcar, Diniz terá de receber em dinheiro por sua fatia.
O Casino porém não demonstra, até aqui, qualquer intenção de se desfazer da Via Varejo.
Veículo: O Globo - RJ