O empresário Michael Klein vai a Paris na terça-feira para apresentar ao Casino uma proposta pelo controle da Viavarejo, dona das redes de lojas Casas Bahia e Ponto Frio. A família Klein já tem 47% da empresa e gostaria de aumentar essa participação para algo entre 70% e 75%, segundo apurou o 'Estado'. De acordo com fontes a par da negociação, a oferta será superior a R$ 2 bilhões.
O Casino controla no Brasil o Grupo Pão de Açúcar, que por sua vez é sócio dos Klein na Viavarejo. O encontro entre Michael Klein e Jean-Charles Nouri, presidente do grupo francês, foi acertado ontem cedo e talvez conte também com a presença de Raphael, filho de Michael e presidente executivo da Viavarejo. A data da viagem foi antecipada pela coluna Direto da Fonte, da colunista Sonia Racy.
Essa será a segunda investida dos Klein na Viavarejo. No início de julho, eles falaram em comprar mais 5% da empresa - o que aumentaria sua fatia para 52% e lhes daria o controle. A negociação nem começou, porque o Casino recusou de imediato. Segundo fontes próximas aos franceses, a princípio o grupo não tem interesse em vender o controle da empresa. Para considerar uma proposta, segundo essa fonte, a negociação teria de envolver mais de 80% de participação e uma avaliação total da companhia em R$ 8 bilhões. Na visão dos Klein, a empresa vale cerca de R$ 7,5 bilhões.
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a família Klein não quis se manifestar. O Casino confirmou o encontro, mas afirma que não tem conhecimento da agenda da reunião.
Pela proposta dos Klein, a família ficaria com o controle das redes Casas Bahia - fundada por ela - e Ponto Frio. A Nova Pontocom, subsidiária da Viavarejo para vendas online, iria para o Pão de Açúcar. Meses atrás, os Klein procuraram ao menos dois bancos, o Bradesco e o Citibank, em busca de assessoria e financiamento caso a negociação realmente siga adiante.
Mudança. As conversas com o Casino acontecem na véspera de uma mudança importante na Viavarejo, a saída de Raphael Klein da presidência da empresa. Pelo acordo de acionistas assinado em 2010, ele será substituído por um executivo indicado pelo Pão de Açúcar. Raphael vai para o conselho e ficará ao lado do pai, que é o presidente.
A sociedade entre a família Klein e o Pão de Açúcar, na época controlado por Abilio Diniz, tem dado problemas desde o começo. Fechada em 2009, foi modificada no ano seguinte por insistência dos fundadores da Casas Bahia, que estavam insatisfeitos e ameaçaram deixar a sociedade. O relacionamento entre os sócios nunca mais se recompôs.
Em outubro, os Klein pediram uma reunião para discutir supostos erros nos números usados na avaliação do Ponto Frio, na época da fusão. Ameaçaram recorrer a um conselho arbitral, caso o Pão de Açúcar se recusasse a tratar o assunto de forma amigável. Entre as maiores empresas de varejo do mundo, a empresa registrou até setembro uma receita bruta de R$ 18,6 bilhões.
Veículo: O Estado de S.Paulo