Klein formaliza ao Casino oferta pela Via Varejo

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Naouri, controlador do Grupo Pão de Açúcar, recebeu Michael e Raphael Klein de forma cordial, mas não se aprofundou sobre a possível venda de Via Varejo



O encontro de Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, e Michael Klein e Raphael Klein, ontem, em Paris, serviu para deixar alguns pontos claros entre as partes. A família confirmou que tem interesse em adquirir o controle de Via Varejo, subsidiária do Grupo Pão de Açúcar e informou que tem uma linha de cerca de R$ 3 bilhões (€1,2 bilhão) para fazer o pagamento em dinheiro, à vista.

Michael Klein chegou a dizer que a possibilidade de adquirir a rede seria uma espécie de "presente" de aniversário para o pai, Samuel Klein, que amanhã completa 89 anos e faz 90 anos no ano que vem.

O presidente do Casino não aprofundou a discussão; limitou-se a dizer que está aberto para receber os Klein em outras ocasiões. Como de costume, Naouri foi cordial, mas mostrou-se neutro sobre o assunto.

O tema de compra do controle foi tratado ao final da reunião, quando outros assuntos mais delicados já haviam sido abordados, e em especial, a questão da carta enviada ao Grupo Pão de Açúcar em outubro. Nela, os Klein ameaçavam abrir um litígio arbitral contra o Grupo Pão de Açúcar.

Segundo os Klein disseram a Naouri ontem, a intenção com a carta não era causar problemas para a empresa. Naouri considerou a posição "desnecessária". Michael Klein garantiu ao presidente do Casino que não iria mais entrar com um processo arbitral contra o Pão de Açúcar. Na correspondência enviada em outubro, a família Klein dizia que haviam sido encontrados "erros e inconsistências relevantes capazes de alterar a equação que definiu a relação de troca entre as ações da Nova Casas Bahia pelas [ações] de Globex" e seria interessante buscar uma solução para evitar um "litígio arbitral".

Durante o encontro, Michael também disse à Naouri que preferiria a indicação de um nome externo para substituir Raphael na presidência da Via Varejo - posto que ele deixa no próximo dia 22. Além disso, fez algumas queixas pontuais a respeito das diferenças culturais entre as empresas e da dificuldade de integração.

Apesar dessa questão, em linhas gerais, o encontro foi amistoso. Casas Bahia e Grupo Pão de Açúcar são sócios na Via Varejo (ex-Globex) desde julho de 2010, quando as varejistas assinaram acordo de associação. O Pão de Açúcar detém 52,4% das ações e a família Klein, 47%. O restante está no mercado.

Atualmente, a Via Varejo está também no centro de uma discussão entre Casino e Abilio Diniz para que estes dois sócios - no Pão de Açúcar - encerrem amigavelmente o acordo selado em 2006.

A família Klein possui uma espécie de direito de preferência na Via Varejo, garantida no acordo de acionistas da companhia de eletroeletrônicos - lá denominada de "direito a primeira oferta".

Caso decida vender as ações vinculadas ao acordo de acionistas (todas do controle), o Pão de Açúcar precisa antes notificar o sócio minoritário da proposta recebida, com descrição de comprador, preço e prazo.

Essa posição de Klein pode forçar Abilio Diniz a fazer uma proposta capaz de inviabilizar essa concorrência - uma vez que está ciente da disputa potencial.

Ainda que a família Klein nunca tenha apresentado uma proposta formal e que existam dúvidas a respeito de tal intenção, Abilio Diniz precisaria considerar esse risco em sua oferta. Os envolvidos em ambos os lados são reticentes quanto ao apetite para esse movimento.

Os representantes de Casino e Abilio trabalham num modelo em que o ex-dono do Pão de Açúcar entregaria suas ações ordinárias, que estão na holding Wilkes mais 61 lojas físicas que possui em seu nome para, em troca, ficar com o controle da Via Varejo.

Depois, usaria parte das ações preferenciais do Pão de Açúcar que possui, avaliadas em R$ 3,2 bilhões, para oferecer à família Klein uma troca. Para os minoritários da Via Varejo, a proposta seria interessante, já que eles estão numa posição sem liquidez, uma vez que o mercado de capitais está fechado para colocações.

Procurados, Casino, família Klein e Abilio Diniz não se pronunciaram.



Veículo: Valor Econômico


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