Previ e Tarpon apresentam, em reunião extraordinária, o nome do empresário para a presidência do conselho de administração da empresa
Os fundos Previ e Tarpon vão propor oficialmente hoje Abilio Diniz como presidente do conselho de administração da BRF, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão. Ainda há dúvidas se o fundo Petros vai aceitar o nome do empresário, mas a tendência é os acionistas chegarem a um consenso. Abilio substituiria Nildemar Secches, que já informou que deixa o cargo de presidente do conselho em abril.
Foi convocada para hoje à tarde uma reunião extraordinária do conselho de administração da BRF. Segundo a pauta do encontro, o objetivo é fazer uma discussão prévia sobre o balanço da empresa em 2012. Mas, conforme o Estado apurou, o principal assunto é a nova composição do conselho. Se fecharem um acordo sobre a entrada de Abilio, a chapa de conselheiros será indicada aos demais acionistas, que referendariam os nomes em assembleia no dia 9 de abril.
A Petros vem apresentando resistência ao nome de Abilio e ao aumento do poder de Tarpon e Previ na empresa. Os representantes do fundo de funcionários da Petrobrás ficaram insatisfeitos porque só souberam das articulações para a entrada de Abilio na BRF pelos jornais.
Nos últimos meses, a Petros vem comprando ações da BRF e já se tornou a maior acionista, com 12,75%, passando a Previ, com 12,19%. Por isso, é bastante provável que ganhe mais uma cadeira no conselho, igualando-se a Previ e Tarpon, que têm dois representantes cada. Hoje, apenas o presidente da Petros, Luis Carlos Fernandes Afonso, faz parte do colegiado.
Segundo fontes que acompanham o assunto, o fundo pode apontar um novo nome ou indicar Manoel Cordeiro Silva Filho, hoje membro independente. Silva Filho é diretor de investimentos e finanças da Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social (Valia) e faz parte do conselho da BRF desde a época da Perdigão, quando a Valia ainda tinha uma fatia relevante.
Se os conselheiros não conseguirem chegar a uma definição hoje, o prazo máximo é o dia 4 de março, um mês antes da assembleia de acionistas. Fontes que acompanhavam o assunto tinham dúvidas ontem se a Petros vai brigar ou não pela presidência do conselho, propondo uma alternativa ao nome de Abilio, mas a tendência é que os fundos acabem se acertando.
Conflito. Abilio, que preside o conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA), vem comprando ações da BRF desde o fim do ano passado. Hoje, teria mais de R$ 1 bilhão na companhia. Mas sua permanência nas duas empresas não deve ser pacífica. A rede francesa Casino, sócia do empresário no GPA, pediu ontem, pela segunda vez, que Abilio renuncie ao seu posto na rede varejista caso assuma uma posição na BRF.
Durante assembleia de acionistas do GPA na manhã de ontem, o Casino alegou que a presença de Abilio em ambas as empresas causaria um conflito de interesses, já que a BRF é uma das maiores fornecedoras da rede varejista.
Na terça-feira, em reunião do conselho do GPA, Abilio disse que ainda não havia nada de concreto sobre sua indicação para a BRF. "Se, no futuro, essa hipótese viesse a concretizar-se, não haveria nenhum impedimento para o exercício de minha função como presidente do conselho do GPA", afirmou. Procurados, Previ, Tarpon, Petros, BRF e Abilio não se manisfestaram.
Veículo: O Estado de S.Paulo