Executivo deixa a ViaVarejo mesmo com bons resultados

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Mesmo após o desempenho da ViaVarejo apresentar uma grande melhora em comparação com o ano de 2012, Antonio Ramatis Fernandes Rodrigues, diretor presidente da empresa, apresentou sua carta de renúncia ao Conselho de Administração, fato que deve provocar mudanças na linha de comando da companhia. O sucessor interino será o executivo Vitor Fagá de Almeida, atual diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia. Fagá é economista e integrou a equipe do Grupo Pão de Açúcar (GPA) por três anos, quando foi diretor executivo financeiro.

Especialistas acreditam que o próximo CEO mantenha uma relação mais amena com os executivos do GPA do que Antonio Ramatis, conhecido no mercado por ter um relacionamento mais próximo a Abilio Diniz. Em entrevista ao DCI, Reginaldo Gonçalves, coordenador de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, afirma que o mercado acionário reagiu de maneira mais significativa, em um primeiro momento, à saída do executivo. "A renúncia de uma pessoa importante sempre gera dúvidas por parte do mercado. Isso já pode ser observado até mesmo na queda nas ações da empresa."

Embora as divergências sejam o principal motivo para que o empresário tenha renunciado, o coordenador de ciências contábeis avalia que, no futuro, Antonio Ramatis assuma uma posição em outra empresa do ramo. "Acredito que ele deve continuar no ramo mercadista, até pelo excelente trabalho que fez à frente da ViaVarejo, reduzindo muitas despesas administrativas. Em um curto prazo, ele não deve se unir ao Abilio, ficaria muito evidente que a saída se deu por problemas de foro íntimo. Mas futuramente podem até mesmo surgir outras propostas, tanto da família Klein quanto da família Diniz."

Conforme informação obtida pelo DCI, Abilio Diniz não possui poder para contratar ou demitir funcionários na BRF, mas ainda assim, não apresentou qualquer tipo de convite para Ramatis. Ele atualmente é o presidente do conselho de administração da empresa criada após fusão entre Sadia e Perdigão.

Já para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA), a saída de Antonio Ramatis Rodrigues do comando da ViaVarejo não deve causar grandes consequências, tanto para a companhia quanto para o consumidor. "Se trata de um conjunto muito complexo de interações, e o executivo tem sem dúvida um papel importante. Mas a ViaVarejo é suficientemente grande para selecionar pessoas que vão responder com o mesmo nível de competência da gestão anterior", completa ele.

Felisoni ainda aponta que os motivos específicos da renúncia são incertos, mas claramente a motivação foi política. Para ele, este processo é comum em empresas oriundas de grandes fusões ou aquisições, e o sucessor de Ramatis Rodrigues deve apresentar menos divergências com o Grupo Pão de Açúcar.

"Acredito que em um processo desse tipo, de acomodação da gestão em função dos novos controladores, é natural que esses ajustes aconteçam. É importante lembrar que de fato a gestão dele foi positiva, os resultados na companhia melhoraram bastante. Mas existem questões que transcendem aspectos operacionais, relacionadas às relações políticas, e que motivaram essa saída. Outros executivos já saíram anteriormente. É natural que quem assume o controle busca ter do seu lado pessoas que comungam de pontos de vista semelhantes."

Os atritos entre o Grupo Pão de Açúcar e a família Klein, fundadora das Casas Bahia, já são perceptíveis há algum tempo. Neste mês, a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) comunicou a venda de aproximadamente 16% do capital social da ViaVarejo na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Segundo analistas, a transação pode chegar ao valor de R$ 2 bilhões.

ViaVarejo

A ViaVarejo é formada pelas redes Casas Bahia, Ponto Frio e operações das lojas virtuais do grupo. No primeiro trimestre deste ano, a empresa teve faturamento de R$ 6,8 bilhões, um crescimento de 8,7% em comparação com o mesmo período de 2012. Já a receita líquida de vendas atingiu R$ 6 bilhões, crescendo 9,3%.

O lucro operacional antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 19,7% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, totalizando R$ 345 milhões. O lucro líquido da companhia atingiu R$ 99 milhões no período, crescendo 569,2% em relação aos três meses iniciais de 2012. O alto crescimento se deve em grande parte ao fraco desempenho da companhia no período comparado - no primeiro trimestre de 2012, a ViaVarejo teve lucro líquido de R$ 15 milhões.

A previsão do Grupo Pão de Açúcar, apresentada no anúncio dos resultados deste primeiro trimestre, é de que as vendas ViaVarejo atinjam R$ 28,5 bilhões, enquanto cerca de R$ 63 bilhões correspondam ao total vendido pelo GPA.



Veículo: DCI


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