O executivo Antonio Ramatis, presidente do braço de eletroeletrônicos do grupo Pão de Açúcar, deixa a companhia alegando divergências e interferências
Quem trabalha no grupo Pão de Açúcar (GPA) não pode, definitivamente, reclamar de monotonia nos últimos dois anos. Primeiro foi a briga do empresário Abilio Diniz com Jean-Charles Naouri, o CEO do Casino, em razão da proposta de compra do francês Carrefour. Depois, foi a novela da negociação da saída de Diniz do GPA, que nunca se concretizou. A família Klein, sócia minoritária da Viavarejo, o braço de eletroeletrônicos do grupo, também protagonizou lances nesse enredo, ao manifestar o interesse de comprar a operação. Por fim, decidiu-se por uma oferta de ações. Agora é a vez do executivo Antonio Ramatis Rodrigues, presidente da Viavarejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, ganhar os holofotes.
Na quinta-feira 23, ele pediu demissão, após seis meses à frente da companhia. Ao renunciar, Ramatis, como é conhecido, saiu atirando, o que surpreendeu a cúpula do GPA, segundo apurou DINHEIRO. Em sua carta de demissão, Ramatis alegou divergências em relação à estratégia e interferência no seu trabalho. “Não tenho concordado com a orientação que se pretende adotar em relação a determinados assuntos da companhia. Também não posso concordar com interferências que tenho recebido no exercício de minha função por parte dos executivos do grupo”, escreveu o executivo. As divergências e interferências não foram reveladas. Ramatis disse também que sua decisão foi influenciada por não ter recebido “o pagamento referente ao plano de stock option relativo ao exercício de 2012, o que evidencia um tratamento discriminatório”.
O GPA agiu rápido. No final da noite da quinta-feira 23, o grupo nomeou interinamente Vitor Fagá de Almeida, vice-presidente financeiro da Viavarejo, para o lugar de Ramatis. “Nada muda”, diz uma fonte próxima dos executivos do GPA. “Essa não é uma companhia de um homem só.” A renúncia de Ramatis, aconteceu no mesmo dia em que seria apresentado relatório da empresa de auditoria KPMG, em reunião do conselho de administração da Viavarejo.O documento avalia a situação patrimonial da Casas Bahia e do Ponto Frio no momento da união das empresas. A conclusão dos auditores, segundo apurou DINHEIRO, é de que ajustes precisariam ser feitos. Segundo uma fonte, o relatório não é conclusivo. Ele apontava inconsistências na situação patrimonial das duas companhias que variavam de R$ 30 milhões a R$ 200 milhões.
Veículo: Revista Istoé Dinheiro