Novamente, as críticas ao Grupo Pão de Açúcar e ao comando da empresa devem subir de tom hoje. Uma carta deve ser enviada na manhã de hoje à companhia pelo ex-vice-presidente de tecnologia da informação e logística da Via Varejo, Ney Santos (que pediu demissão na sexta-feira), em que cita problemas com o pagamento referente ao plano de stock options do GPA relativo a 2012, apurou o Valor. Ele também menciona na carta que discorda de decisões tomadas pelo controlador e que teriam afetado Via Varejo, formada pela união de Casas Bahia e Ponto Frio. São os mesmos pontos levantados por Antonio Ramatis, ex-presidente de Via Varejo, em sua carta de demissão de quinta-feira.
Uma das insatisfações de Santos está no fato de ter sido transferido oficialmente para a Via Varejo em março - ele estava trabalhando com Ramatis desde novembro - e a outorga (concessão) da opção de ações do GPA aconteceu em abril, quando Santos já não fazia mais parte do GPA. Portanto, não teve direito às ações, conforme regras da empresa. O grupo poderia assinar a outorga até maio.
Quanto às discordâncias envolvendo decisões do GPA, tanto Santos quanto Ramatis não têm entrado em detalhes. Algumas versões circulam no mercado. Uma delas é que Santos era muito próximo a Ramatis e ambos teriam ficado incomodados com a forma como Enéas Pestana conduz o processo de reestruturação da Via Varejo. Executivos ligados ao GPA negam atritos entre Pestana, Ramatis e Santos. Em conversa na sexta-feira com Pestana, Santos alegou apenas "razões pessoais" para a saída.
Especula-se também que Ramatis e Santos poderiam ir para a indústria de alimentos BRF, cujo presidente do conselho de administração é Abilio Diniz, também presidente do conselho de GPA. Os dois têm negado a ida à BRF. Até porque, isso poderia ser contraproducente, pois reforçaria o debate sobre conflitos de interesses entre Abilio e o Casino e poderia dar nova dimensão à disputa jurídica sobre o caso entre as partes.
Veículo: Valor Econômico