Há dois principais projetos em desenvolvimento pelo comando da rede de supermercados St. Marche, previstos para entrar em operação a curto e médio prazos, que podem levar a companhia a atingir faturamento na faixa do R$ 1 bilhão nos próximos anos, segundo cálculos com base no ritmo de vendas atual da empresa.
Uma das mais maiores varejistas de São Paulo que atendem as classes A e B, o St. Marche está negociando para inaugurar uma loja na capital paulista, até o fim de 2014, da rede italiana de supermercados e restaurantes Eataly. Ao mesmo tempo, montou um ritmo de aberturas para os próximos quatro anos para atingir uma antiga meta, avaliada desde os primeiros anos de funcionamento, de alcançar a marca de 30 lojas em 30 bairros em São Paulo. A empresa espera alcançar essa marca em 2017 - são 12 unidades hoje.
Se atingir esse volume e abrir a unidade do Eataly em São Paulo, a varejista - que deve fechar o ano de 2013 com faturamento na faixa de R$ 400 milhões, apurou o Valor - ultrapassará a marca de R$ 1 bilhão em vendas ao fim de 2017, segundo cálculo com base no desempenho atual da empresa. Para isso, a rede terá que manter, no mínimo, a média de vendas mensal das suas lojas, de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões atualmente, apurou o Valor, para as 30 lojas e ao se incluir os negócios com o Eataly.
Para efeito de comparação, quatro anos atrás, a companhia atingiu faturamento de cerca de R$ 100 milhões, portanto, desde 2009, ela quadruplicou a receita. A companhia diz que opera no lucro, mas não informa o valor, ou o seu nível de rentabilidade.
Para alcançar as 30 unidades, o plano é abrir de 3 a 4 supermercados na capital paulista por ano num prazo de quatro anos. Questionada sobre a hipótese de o projeto demorar a avançar - no fim 2008, a rede informou ao Valor o plano de atingir a meta de 30 lojas até 2014 - o comando da rede ressalta que o encarecimento no preço dos terrenos afetou os projetos. "O problema é que está difícil achar pontos, e quando encontramos um terreno, ele nem sempre é viável financeiramente", disse Victor Leal, sócio da rede.
Para a bandeira Eataly, os planos da rede criada por Leal e Bernardo Ouro Preto, são de uma ou "no máximo" duas lojas em São Paulo. "Não cabe mais do que isso. Nova York tem uma unidade" disse Leal. A negociação para assinatura do acordo do local da unidade está na fase final, numa "joint venture" com os fundadores da companhia fundada na cidade de Turim em 2007.
O outro projeto em discussão hoje é a expansão da rede St. Marche para fora da capital paulista. A ideia é começar esse crescimento após atingir um bom nível ocupação em São Paulo, provavelmente após 2017. Cidades como São José dos Campos, Campinas, Guarujá e Santos, no interior e litoral paulistas, são mercados identificados pelos sócios com chances de receber unidades do St. Marche nos próximos anos. Porém, são investimentos que não devem ser feitos neste momento porque a varejista só deve buscar pontos fora da capital após ocupar os espaços que considera prioritários em São Paulo.
Se for atingida essa meta de aberturas, deve ser o ritmo de desembolsos mais alto feito até hoje pela empresa. Em dez anos, entre 2002 e 2012, foram 11 aberturas, uma por ano. Caso atinja 30 pontos em 2017, serão 18 unidades em quatro anos. Em 2013, uma loja foi aberta e outras três estão na fila. A varejista tem sócios investidores, locais e estrangeiros e alguns deles se tornaram o canal de acesso da empresa para obter recursos, a taxas mais competitivas para expansão orgânica. Segundo um varejista próximo à rede, três anos atrás, eram 12 sócios minoritários. A empresa também não faz comentários sobre esse dado..
Ao se considerar o desempenho apenas das lojas abertas há mais de um ano (descontando as aberturas, que inflam o número) foi apurado crescimento de vendas no St. Marche de 15% no primeiro semestre. É uma taxa acima da média do setor, que acumula alta nominal de 9,7% no ano. A meta da cadeia é manter a expansão de 15% no ano. Manuel Araújo, da Martinez de Araújo Consultoria, reforça que pequenas redes tem crescido a taxas bem acima da média do setor, portanto, é natural que registrem alta de dois dígitos.
Veículo: Valor Econômico