Custo de instalação é até 30% menor em relação ao ponto no shopping e isso tem motivado o movimento de migração
O consumidor vai fazer compras no supermercado, mas aproveita para comer alguma coisa, tomar um café e ainda deixar uma peça de roupa para lavar. Os espaços de compras ganham, cada vez mais, a companhia de lojas de serviços e alimentação, principalmente de franquias – o movimento se intensificou nos últimos dois anos, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
A popularização de lojas dentro de supermercados tem a ver com a mudança de perfil do setor. “O mercado percebeu um aumento do público frequente com os serviços agregados”, afirma o diretor-executivo da ABF, Ricardo Camargo. Se por um lado as redes de supermercado se beneficiam desse aumento de pessoas, a franquia ganha com um ponto comercial mais barato. Segundo a ABF, o custo de instalação fica entre 15% e 20% mais barato em relação ao comércio de rua e 30% menor em comparação ao shopping.
É comum encontrar lojas de acessórios pessoais, de consertos de roupas, de chocolates, lavanderias, revistarias e, principalmente, negócios voltados para a alimentação. “Alguns supermercados que estão situados entre áreas comerciais acabam virando um centro gastronômico”, afirma Camargo.
Viviane Sanches trabalhou com informática durante 20 anos, mas resolveu deixar o mercado após sua gravidez e, então, decidiu empreender. Por isso, ela investiu R$ 300 mil para inaugurar uma franquia do Rei do Mate – a loja funciona no Hipermercado Andorinha, localizado na zona norte de São Paulo.
“Tem muita gente que vem só para fazer compras. E, às vezes, com pressa. Já para o shopping, as pessoas vão mais dispostas a gastar. Não que seja um ponto negativo, mas é uma característica”, alerta Viviane, que destaca a rotina puxada. “É de segunda a segunda. Abrimos cedo e fechamos tarde.” O casal Hellen e Elmir Hansaul também enxergou uma oportunidade no segmento.
Donos de duas farmácias na cidade de Curitiba, eles resolveram mudar de ramo e abriram uma franquia da Cacau Show no supermercado Condor. “Não foi fácil conseguir o ponto. Ficamos quase dois anos procurando”, diz Elmir.
Mesmo assim, a tendência parece ter chegado para ficar. Tanto que as redes de supermercados mantêm parcerias com as franquias – o Carrefour, por exemplo, tem acordos com Spoleto e Giraffas, duas grandes marcas que atuam no setor.
Já o GPA trabalha com galerias comercias. São mais de 3 mil contratos desse modelo, principalmente para atuação dentro de unidades das bandeiras Pão de Açúcar e Extra. A empresa ainda desenvolveu um projeto, que define como shopping de vizinhança, sob a marca Conviva. O primeiro espaço do tipo foi inaugurado recentemente, em junho deste ano, no Rio de Janeiro.
“Estamos focados em fazer uma gestão mais profissional das galerias e vamos trabalhar com os shoppings de vizinhança como foco para nosso crescimento dos próximos três anos”, garante o diretor de Malls & Shoppings do GPA Malls, Marcelo Carpegiani.
Rede. Das 430 unidades 5àsec, 30 estão instaladas em supemercados. A diretora comercial da rede, Meire Carvalho, destaca que a empresa enxerga um potencial de triplicar esse número em um período de quatro a cinco anos. Em geral, as lojas em supermercados funcionam como 'satélite' para captação e passadores. O processo de lavagem e secagem é feito em lojas de maior porte.
Veículo: O Estado de S. Paulo