O executivo-chefe do Walmart, Mike Duke, vai deixar o cargo e ser substituído por Doug McMillon, chefe de operações internacionais da rede varejista, a maior do mundo em vendas.
Duke, de 63 anos, CEO desde 2009, comunicou ao Walmart em 19 de novembro que vai se aposentar em 31 de janeiro, segundo a empresa informou ontem.O anúncio da mudança no alto escalão da rede chega na semana crucial do feriado de Ação de Graças, que dá início à temporada de compras de fim de ano.
McMillon, de 47 anos, comanda as operações internacionais do Walmart desde 2009 e fontes próximas à empresa dizem que ele era há muito considerado como um dos favoritos da família Walton, fundadora do Walmart e dona de participação em torno de 50%.
Sob o comando de Duke, o Walmart encerrou uma longa sequência de queda nas vendas nos Estados Unidos. Mais recentemente, no entanto, houve desaceleração no crescimento das operações internacionais - comandadas por McMillon -, e a rede admitiu que tentou se expandir muito rápido.
O Walmart também enfrentou acusações de pagamento de suborno no México e de, depois, ter tentado encobri-las em meados da década passada. Há várias investigações em andamento, tanto internas quanto externas, sobre essas acusações. Duke estava encarregado das operações internacionais durante parte do período em que as supostas irregularidades ocorreram.
Sob o comando de Duke, o Walmart elevou os investimentos (com atraso aos olhos de alguns analistas) em comércio eletrônico e em lojas menores."A empresa tem a estratégia correta para atender um cliente em transformação pelo mundo, e Doug esteve ativamente envolvido nesse processo", disse o presidente do conselho de administração do Walmart, Rob Walton, filho do fundador Sam Walton, em comunicado, ontem.
McMillon iniciou a carreira na empresa aos 18 anos, contratado para trabalhar no centro de distribuição da companhia durante a temporada do verão americano. Em 1990, seis anos depois, enquanto estudava um MBA na University de Tusla, voltou a integrar-se ao Walmart, em uma loja na cidade de Oklahoma.
Passou a maior parte de sua carreira na área de comercialização do Walmart nos EUA, com atuações nos segmentos de roupas, alimentos e mercadorias gerais.Entre 2006 e 2009, McMillon, de Arkansas, trabalhou como presidente e executivo-chefe do Sam's Club, que oferece mercadorias no atacado.
Assumiu como presidente do Walmart International em fevereiro de 2009. A divisão tem mais de 6,3 mil lojas e 823 mil funcionários fora dos Estados Unidos. As operações cresceram de forma constante sob o seu comando, o que ajudou a colocá-lo como favorito para suceder Duke. Nos últimos dois anos, no entanto, o ritmo de crescimento mostrou desaceleração.
Em agosto, o Walmart reduziu sua previsão de crescimento nas vendas mundiais para um patamar entre 2% e 3% no exercício fiscal que se encerra em janeiro de 2014. A projeção anterior variava de 5% a 6%.O Fórum Econômico Mundial considerou o executivo como um dos jovens líderes mundiais.
McMillon está "posicionado de forma única para liderar nossa empresa global em expansão e atender o cliente em transformação e ao mesmo tempo continuar fiel a nossa cultura e valores", segundo Rob Walton. "Ele tem ampla experiência - com papéis de liderança sênior bem-sucedidos em todos os segmentos de negócios do Walmart - e profundo conhecimento das tendências tecnológicas, sociais e econômicas que estão modelando nosso mundo."
Reação anêmica reflete críticas ao grupo
O preço das ações diz que o novo chefe é parecido com o antigo - que não tinha nada de especial.
O Walmart anunciou ontem que Doug McMillon, presidente das operações internacionais da varejista, vai suceder Mike Duke como CEO da empresa. As ações reagiram com alta de 0,8%. É verdade: a saída de Duke era esperada e McMillon era um dos favoritos.
Mas a resposta anêmica é desanimadora, considerando o baixo desempenho das ações desde que Duke assumiu em 2009: os papéis foram superados pelo índice S&P 500, pelos da rival Target e até da rede de supermercados Kroger.
Isso reflete, em parte, três recriminações ao Walmart. Os esforços internacionais foram atabalhoados e, como resultado, o crescimento vem se desacelerando e há um grave escândalo de suborno no México. Os cortes de custos avançam com lentidão. E a adaptação às novas tendências no varejo, como o comércio eletrônico e as lojas menores, também é lenta demais.
Esses problemas são, até determinado ponto, verdadeiros. É preciso, no entanto, analisar sob certa perspectiva. Sobre as ações: quando se olha um período maior de tempo, o desempenho do Walmart fica bem melhor. As ações ficaram firmes durante o "crash". Operacionalmente, 2013 foi complicado - a alta das vendas nas lojas comparáveis virou recuo e o crescimento internacional desacelerou. Mas o Walmart tem quase meio trilhão de dólares em vendas anuais e ativos de US$ 200 bilhões. Inevitavelmente, é lento para se adaptar e seu avanço, em termos percentuais, tem limites. Mas continua sendo uma máquina econômica assombrosa. Nos cinco anos anteriores a este, agregou US$ 18 bilhões de vendas em média a cada ano - e a Amazon? US$ 9 bilhões. Manteve as margens estáveis apesar da estratégia de tentar oferecer preços baixos em mercados cada vez mais competitivos. McMillon agora é o comerciante mais importante do mundo. Se conseguir enfrentar com determinação seus problemas, as ações do Walmart vão começar a contar uma história diferente.
Veículo: Valor Econômico