Enquanto o mercado aponta uma desaceleração do consumo no Brasil, com possibilidade de queda nas vendas reais do varejo este ano, as maiores empresas do setor seguem otimistas com o mercado. A perspectiva é que nem a Copa do Mundo, nem as eleições abalem o faturamento de redes como Grupo Pão de Açúcar, Pet Center Marginal e Telhanorte, que apostam no crédito para fomentar as vendas este ano.
A perspectiva positiva do mercado foi defendida pela recém-criada Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que disseram ao DCI esperar leve crescimento para o setor que deve fechar o ano estável diante do clima de incertezas.
Entre os fatores que estão influenciando o mercado, o presidente e conselheiro da SBCV, Eduardo Terra destaca as especulações negativas, como a redução de empregos, que interferem nos resultados. "A economia está muito melhor do que vem sendo divulgado, o que tem impactado de forma negativa o setor".
Para terra, maiores incentivos políticos deveriam acontecer no setor, já que o comércio varejista é um dos que mais empregam no País. "Se você pegar o Grupo Pão de Açúcar, a companhia gerou mais empregos nos últimos anos do que a cadeia automobilística. Em âmbito nacional, já temos alguns projetos interessantes como, o Minha Casa Melhor que impulsionou as vendas de eletrônicos nas lojas, mas o governo poderia contribuir muito mais", diz.
Mesmo com a maior oferta de crédito no mercado, o especialista e membro do conselho consultivo da SBCV, Alberto Serrentino, acredita que o aumento da inflação nos últimos meses tem gerado uma insegurança no mercado de alimentos. "O brasileiro destina de 20% a 30% do seu orçamento para as compras de supermercado. Porém se a inflação voltar a subir e os alimentos tiverem os preços reajustados, a situação começa a ficar preocupante", diz.
De acordo com Serrentino, o varejo brasileiro encontra-se estável. "Antigamente registrávamos um incremento de 8% a 10% no setor, mas isso há dez anos quando a oferta de crédito estava em alta", detalhou.
Em relação ao aumento das taxas de vacância nos shopping centers, que tem levado diversas construtoras a atrasarem a abertura de novos empreendimentos, Serrentino afirmou que o fenômeno está ligado à saturação do mercado, vista nas grandes capitais. "Eu não conheço nenhum outro lugar no mundo que tenha tantos shoppings com São Paulo. Isso porque existe uma demanda muito alta pelo segmento nessas regiões. Prova disso é o valor de apenas 2% na taxa de vacância".
Para ele, o problema é estritamente regional. "Nas cidades do interior foram feitas várias inaugurações, todas no mesmo momento. Porém não podemos esquecer que esse tipo de negócio demanda tempo para amadurecer e se estabelecer", disse.
Setor
Criada para alavancar a competitividade do varejo brasileiro na produção de pesquisas e estatísticas sobre o mercado, SBVC irá atuar de forma complementar as demais entidades que já existem no setor, como informou Terra. "Vamos lançar mensalmente um estudo sobre o varejo em diversos países do mundo, justamente para incentivar a categoria. Hoje nós temos apenas quatro grandes redes com mais de mil lojas no País, contra 32 grandes empresas nos Estados Unidos, o que comprova o potencial de expansão nesse mercado".
Desenvolvida sob os pilares da política, relacionamento, conteúdo e ações sociais, a entidade nasce com 22 instituições parceiras, entre elas Grupo Pão de Açúcar (GPA), TelhaNorte, Pet Center Marginal, Artefacto Beach & Country e Cybelar.
Veículo: DCI