Cerca de 30 fornecedores de pequeno e médio porte, sendo que todos eles fazem parte da equipe de abastecimento das lojas do Grupo Pão de Açúcar (GPA), agora são empresas com atuação internacional.
Com a ajuda daquela que é a maior rede supermercadista do País - seguida pelos grupos estrangeiros Carrefour e Walmart -, esses empresários de portes menores tiveram de reformular a composição de alguns produtos, além de criar rótulos diferenciados e no idioma inglês e tailandês para terem suas operações vendidas em outros países. Desta maneira, agora os empresários têm seu portfólio, ou parte dele, comercializado nas gondôlas da bandeira Casino, em cidades da França, além das gôndolas das operações das redes Big C e Big C Extra, em regiões da Tailândia.
Segundo o gerente de comércio exterior da rede, Olivier Virthe, desde junho de 2013, o projeto "Casino do Brasil" passou a vigorar e artigos - alimentos e não-alimentos - produzidos por pequenas e médias indústrias nacionais têm sido vendidos lá fora. "Selecionamos alguns de nossos produtores para ofertar ao Casino. A receptividade lá fora foi excelente", disse. Virthe explicou que, para que o projeto desse certo, em primeiro momento o GPA e o Casino colocaram os produtos, para degustação. "Com isso identificamos a demanda e escolhemos os locais em que esses produtos seriam expostos."
As lojas do Casino na França e nas das bandeiras Big C e Big C Extra, na Tailândia contam com uma gôndola exclusiva para produtos brasileiros. "A partir disso, conseguiremos, identificar quais produtos foram os mais vendidos e colocá-los à venda nas gôndolas de sua respectiva categoria."
Alguns itens tiveram de ser adaptados ao gosto dos consumidores estrangeiros. "Na França o consumo de açúcar é menor que no Brasil, com isso, os fornecedores tiveram que reduzir a quantidade de açúcar ao fabricar os produtos", argumentou Virthe.
Essa iniciativa começou em janeiro deste ano, quando 64 diferentes itens típicos do Brasil passaram a ser comercializados em 286 lojas do Grupo Casino. "Fizemos os testes necessários para que nesse período de Copa do Mundo, o projeto estivesse mais estruturado", disse o gerente de comércio exterior.
Os itens de marca própria do GPA - Taeq e Qualitá - também estão sendo comercializados lá fora, e segundo Virthe, um dos cuidados que a rede tomou ao levar essas e os mais de 100 itens ao consumidor europeu e tailandês, foi ofertar produtos premiuns.
"Temos excelentes produtos de café premium aqui no Brasil e foi justamente esse fornecedor que ajudamos a entrar no mercado europeu", disse. O mesmo aconteceu em todas as categorias (alimento, têxtil e bazar) que agora fazem parte das gôndolas do Casino.
Todo o processo de exportação, custos e distribuição dos produtos fica por conta do GPA que contou com o auxílio técnico da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Essas indústrias precisam apenas garantir a produção e a qualidade exigida pela rede.
Franquias
O intercâmbio de marcas nacionais não tem ocorrido apenas entre empresas com atuação na indústria e no varejo. Outro setor que tem comemorado crescimento dos negócios em terras estrangeiras é o de franquias, que contabiliza atualmente 121 marcas de empresas com operações no exterior. A demanda na procura de clientes de outras culturas interessados em itens nacionais, sejam alimentícios, acessórios, calçados ou roupas, tem dado certo. A perspectiva da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e da Apex é que esse número chegue a 140 ainda este ano.
Conforme o diretor internacional da ABF André Friedheim, o segmento que pode ter dificuldade em relação à sua operação no exterior pode ser o alimentício. "Eles escolhem parceiros e fornecedores locais. Pouca coisa tem que ser exportada", explicou ele.
Ainda segundo Friedheim, antes de abrir uma unidade, a empresa deve pesquisar o mercado, contratar consultoria e advogados especializados e entender o regime tributário, pois são bem distintos uns dos outros.
Veículo: DCI