Com modelo complexo, Eataly adia abertura de loja no país

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O plano de abertura do Eataly no Brasil, rede italiana de supermercados gourmet, foi adiado para a segunda metade do próximo ano, segundo fontes próximas à empresa. O projeto é complexo, pelo próprio modelo de negócio da varejista, de difícil reprodução no país e tem sofrido interferências da matriz italiana.

Os controladores da rede de supermercado St Marche, que investem na abertura dessa loja em parceria com os donos do Eataly no exterior, previam a conclusão da loja, em São Paulo, até novembro. A abertura ficou para o segundo semestre de 2015, e provavelmente para o fim da segunda metade do ano que vem, apurou o Valor.

Nos Estados Unidos, após a localização do terreno, a abertura do Eataly levou dois anos, em média. No Brasil, o ponto foi localizado entre setembro e outubro de 2013.

Procurada, a empresa preferiu não dar entrevistas sobre o assunto. Com 4 mil metros quadrados, o supermercado em construção na avenida Juscelino Kubitschek, zona sul de São Paulo, seguirá o conceito da rede na Itália e nos Estados Unidos, com espaço para restaurante e cafeteria. Isso acaba tornando o projeto mais "desafiador", segundo uma fonte.

O trabalho dos empresários brasileiros do St Marche - Bernardo Ouro Preto e Victor Leal - envolve negociações para a importação de novas marcas e produtos não comercializadas em suas lojas. A questão é que os sócios já identificaram que os altos custos para trazer esses produtos do exterior, especificamente da Itália, sede da rede, poderiam inviabilizar a manutenção do conceito central da marca: ser democrático, sem ser popular ou extremamente premium.

O Eataly é um modelo que se sustenta pelo alto tráfego de clientes, que compram mercadorias frescas e industrializadas, a maioria com giro alto, num ambiente agradável e genuinamente italiano. O desafio é trazer isso para cá sem se distanciar do formato no exterior, disse uma fonte ligada à rede no Brasil. Analistas entendem que esse ponto torna o projeto de investimento mais complexo.

"A questão não é construir um Eataly no país, isso é fácil. O problema é trazê-lo respeitando o conceito, as origens da rede italiana, sem adotar um posicionamento de rede de luxo, que não existe lá fora", disse Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail Strategy.

Decisões têm sido tomadas em parceria com Oscar Farinetti, sócio e fundador da operação na Itália, onde a rede foi criada em 2007, em Turim. Sócios da rede em Nova York, cujos acionistas são Mario Batali, Lidia Bastianich e Joe Bastianich, também têm participado das decisões. A companhia não revela o investimento na loja, mas é possível ter uma ideia das somas gastas em pontos no exterior.

Na unidade do Eataly em Chicago, nos Estados Unidos, de 5,5 mil metros quadrados, aberta em 2013, foram investidos US$ 20 milhões pelos três sócios americanos (cerca de R$ 45 milhões). Equivale de três a quatro vezes o valor investido em supermercados no país, como o Extra e Pão de Açúcar, com 2 mil a 3 mil metros quadrados.

A ideia inicial dos sócios brasileiros do St Marche é ter apenas uma loja do Eataly em São Paulo, como a empresa mencionou em entrevista ao Valor, em 2013.

Existem 27 lojas Eataly no mundo, dez das quais localizadas na Itália. Outras 13 estão no Japão, uma em Nova York, uma em Chicago, uma em Dubai e uma em Istambul, na Turquia. Além do Brasil, a rede tem como focos de novos investimentos as cidades de Londres e Moscou.

O St Marche é uma das mais principais redes de supermercados de São Paulo que atendem as classes A e B, com faturamento anual na faixa de R$ 400 milhões e 15 lojas na capital paulista.



Veículo: Valor Econômico


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