O Grupo Pão de Açúcar projeta crescimento anual de 6% em sua área de vendas para os próximos três anos, com expansão para novas praças, incluindo a abertura dos primeiros pontos de venda de lojas de vizinhança (minimercados) no Nordeste. Isso equivale, calculou o Valor, a cerca de meio milhão de metros quadrados de área até 2017 (equivalente a 500 minimercados ou a 120 supermercados, por exemplo). O grupo tem 2,7 milhões de metros quadrados de área de vendas.
Haverá, portanto, aumento de área superior à taxa de 2014 (5%), sem ampliação significativa de investimentos, o que será possível, diz a companhia, por meio de uso "mais eficiente" dos recursos, ressaltou o comando ontem, em reunião com investidores.
Como antecipado em novembro pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor a empresa planeja manter no próximo ano o mesmo nível de investimentos de 2014, na faixa de R$ 1,8 bilhão. A soma deve se manter no teto de até R$ 2 bilhões nos próximos três anos, apurou o Valor.
Sobre abertura de novos pontos, a companhia não detalhou previsões, apenas reforçou que cerca de 40% dos investimentos previstos (Capex) para 2015 devem ser direcionados para a expansão orgânica, e em formatos com maior retorno, como Assaí. Os outros 60% serão aplicados em sistemas de tecnologia, infraestrutura, entre outros, afirmou Christophe Hidalgo, diretor vice-presidente de finanças. Está mantida a estimativa de cerca de 220 inaugurações no grupo ao ano, de 2014 a 2016, num total de 650 pontos novos.
Como acredita - assim como a maioria das varejistas do país - que o ano de 2015 será "difícil" e "complexo", Ronaldo Iabrudi, presidente do GPA, disse para jornalistas que o trabalho central da companhia continua a ser repassar os ganhos de escala e queda em despesas (com renegociações com fornecedores, por exemplo) para reduções de preços. E com isso, aumentar vendas e ganhar participação de mercado. É uma estratégia definida em 2013, que ainda não está madura, e sem prazo para acabar.
Mas para essa conta fechar, já que - apesar dos esforços de controle de despesas internas - há estimativa de aumento de gastos como energia e água (e ainda existem dúvidas em relação ao nível de demanda em 2015), Iabrudi disse que alguns gastos menores podem ter impacto positivo no orçamento do ano que vem. "Custos da construção civil devem ser menores, e preço de terrenos, se não caíram, não sobem mais tanto. E já aceitam negociar condições de pagamento", diz. Orçamentos do GPA e da Via Varejo para 2015 devem ser aprovados pelos conselhos de administração nos próximos dias.
O GPA ainda informou que vai utilizar um novo centro de distribuição em Suape (PE) para atender as primeiras lojas de vizinhança (minimercados) a serem abertas no Nordeste. O local foi inaugurado no fim de setembro. A rede tinha, em setembro, 213 minimercados só no Sudeste, com as bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Minimercado Extra.
"O novo CD vai possibilitar não só abastecer a base de lojas que já termos lá, mas também sustentar a abertura de lojas de proximidade na região", disse. A empresa também informou que decidiu neste ano abrir um novo centro de distribuição em São Paulo para atender entregas do delivery do Extra e dos supermercados Pão de Açúcar, e também para estocar mercadorias para os minimercados da empresa. "Este novo centro tem capacidade para atender até 500 lojas de proximidade", disse ele.
Questionada sobre o risco de que a expansão mais acelerada, com revisões em despesas, afete o nível de serviços das lojas, a rede ressaltou que tem controles internos para identificar focos de problemas. "Não apareceu sinal de queda em nível de serviço. Contratamos 284 pessoas para as lojas do Pão de Açúcar em São Paulo porque identificamos que as pessoas têm ficado mais tempo na fila. E também aumentamos número de caixas e de pessoas no Extra. Mas isso não é porque temos problemas, é uma análise permanente".
O Valor apurou que o GPA contratou Robert Harley, diretor-executivo da JHSF, para comandar o GPA Malls. Alexandre Vasconcelos, que estava no cargo, aposentou-se.
Veículo: Valor Econômico