Para especialistas emvarejo, estratégia éarriscada, especialmente com a chegada de rivaiscomo a Eataly
No último sábado, a Casa Santa Luzia, sinônimo de supermercado de luxo dos paulistanos, completou 88 anos. A empresa continua fiel ao princípio do fundador, o imigrante português Daniel Lopes: o de nunca transformar a marca numa rede sob o risco de perder o controle da qualidade dos produtos.
"Não pretendemos abrir filiais, nosso foco é no cliente e nos produtos diferenciados", afirma Ana Maria Lopes, diretora-geral da empresa. Segundo ela, essa fórmula tem tido sucesso. Nos últimos quatro anos, o faturamento real (descontada inflação) com uma única loja, localizada no bairro paulistano dos Jardins, cresceu 5% ao ano.
Mas com o crescimento do mercado de produtos gourmet e a chegada no País de redes internacionais, como a italiana Eataly, prevista para começo do ano que vem, consultores de varejo acham a estratégia de loja única arriscada. "Um local só me parece problemático. Na lógica do capitalismo, se você não cresce, desaparece", diz o presidente do Conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, em referência a empresas do ramo gourmet.
Marcos Gouvêa de Souza, sócio da GS&MD, tem avaliação semelhante à de Felisoni em relação à estratégia de loja única. Segundo ele, esse modelo de negócio extremamente conservador usado para obter excelência no atendimento pode ameaçar o crescimento, especialmente no momento em que o mercado de produtos gourmet no País cresce a olhos vistos e é alvo empresas estrangeiras e também de nacionais.
Na avaliação de Ana Maria, o foco da Casa Santa Luzia é diferente da empresa que está chegando ao País. Ela ressalta que a companhia não pretende ter restaurante e quer se manter como referência na venda de alimentos de qualidade. Apesar disso, desde 1989, a empresa tem uma rotisserie que responde por 30% do faturamento. "É uma cozinha artesanal para atender à demanda dos nossos clientes por praticidade."
Veículo: O Estado de S. Paulo