O grupo varejista, que só neste ano abriu mais 210 unidades, deve se concentrar na expansão das bandeiras de maior retorno, como Assaí Atacadista, Minuto Pão de Açúcar e Minimercado Extra.
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) deve fazer fortes investimentos nos formatos de proximidade e atacarejo em 2016. A decisão vem em linha com o movimento do mercado, que aponta esses segmentos como tendência de consumo.
Após alcançar um crescimento de 50% com as lojas do Minuto Pão de Açúcar e Mini Mercado Extra e avançar 25% com a bandeira Assaí, o grupo deve focar nestas bandeiras em 2016, já que, segundo a empresa, a retração do consumo provocou queda nas vendas nas lojas Casas Bahia e Pontofrio.
Com uma receita líquida de mais de R$ 40 bilhões, e uma margem bruta de 27,0%, o GPA registrou ainda um expressivo crescimento da rentabilidade do Assaí, com mais de 31% de ganho de margem. Segundo documento divulgado ontem, o grupo deve ter "maior rigor para fazer investimentos". No balanço, o GPA afirma textualmente que pretende "investir em proteção de caixa para enfrentar cenários de incertezas".
Durante os nove primeiros meses do ano, o lucro líquido ajustado do grupo foi de R$ 403 milhões. O desempenho, segundo o GPA, foi especialmente impactado pelos resultados da Via Varejo, intensamente afetada pela retração de consumo.
Neste ano, o grupo realizou uma expansão orgânica nas lojas de atacarejo do Assaí Atacadista, que conta com 91 unidades em operação. Em 2015, foram oito novas unidades até agora e, até o fim do ano, a rede deve abrir quatro lojas. A bandeira Minuto Pão de Açúcar também ganhou 21 unidades e a bandeira Minimercado Extra, que opera com 262 lojas, apenas em 2015 abriu mais 40 operações. O grupo também realizou reformas e 43 conversões de bandeira, além de concluir a migração para um centro de distribuição (CD) dedicado às marcas de proximidade da empresa.
Recentemente, a rede Assaí Atacadista anunciou que espera um aumento de 15% nas vendas de produtos natalinos e de fim de ano, na comparação com 2014. A bandeira irá parcelar as compras de produtos sazonais acima de R$ 50.
Redução de custos
Para diminuir gastos, o grupo fez renegociação de aluguéis, fechamento de lojas e revisão de processos. Apesar de realizar a abertura de 210 lojas, o crescimento das despesas com vendas dos últimos 12 meses foi de 1,5%.
A situação de recessão econômica do País tem favorecido os formatos de atacarejo e até as lojas de proximidade, já que alguns consumidores transferiram as compras de abastecimento feitas em super e hiper para os formatos de atacado e outros deixaram de fazer uma única compra para ir mais vezes ao mercado. Em entrevista recente ao DCI, o diretor de varejo da Nielsen, Lucas Copelli, comentou que o setor de atacarejo tem crescido pois está oferecendo o custo benefício mais atraente para o consumidor neste momento de restrição econômica. Segundo a última pesquisa da Nielsen sobre o setor, as lojas de atacarejo são as mais procuradas para as compras de abastecimento, com 66%, mas ainda são seguidas pelo modelo hiper, com 47,6%.
Outro fator relevante é o comportamento de compra do consumidor. Para o gerente de economia e pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano, durante um período de recessão e alta inflação - que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 12 meses chegou a 10,48% -, os consumidores adotam hábitos novos para driblar a perda do poder de compra. "Primeiro eles aumentam as pesquisas e consultam outros formatos de loja."
Veículo: Jornal DCI