Enquanto o setor supermercadista obteve crescimento nominal de 7,1% em 2015, na comparação com o ano anterior, redes como a mineira BH Supermercados e a paulista Comper elevaram em 16,5% e 33,7%, respectivamente, seu faturamento, no mesmo período. O desempenho alavancou as posições das marcas no Ranking das 20 maiores redes do setor no País.
Atualmente, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as duas varejistas ocupam a sétima (BH Supermercados) e a oitava (Comper) colocação na lista da entidade. No ano passado, porém, elas figuravam na oitava e décima posição.
O crescimento foi possível graças à uma elevação acima da média no faturamento das duas empresas, além da abertura de novas lojas. Em 2015, a Supermercados BH atingiu um faturamento bruto de R$ 3,9 bilhões, enquanto que no ano anterior a rede havia consolidado R$ 3,4 bilhões em receitas.
A concorrente paulista Comper, por sua vez, registrou no mesmo período quase R$ 1 bilhão a mais, ao faturar, no ano passado, mais de R$ 3,8 bilhões. Em 2014, a receita bruta da rede foi de R$ 2,9 bilhões, de acordo com o balanço da Abras.
"As maiores empresas do setor refletiram em seu desempenho as condições macroeconômicas do País. A média de crescimento das 20 primeiras do Ranking Abras foi de 7,9% nominal em 2015, na comparação com o ano anterior. Mas conseguimos observar que algumas empresas conseguiram obter crescimento real e expandiram seus negócios", afirma o presidente do conselho consultivo da Abras, Sussumu Honda.
No geral, os supermercados brasileiros faturaram R$ 315,7 bilhões em 2015. Deste montante, mais da metade (52%) corresponde às receitas somadas das cinco maiores redes varejistas que operam em território nacional, como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart, Cencosud e Zaffari.
Juntas, essas bandeiras acumularam no período uma receita de R$ 162,7 bilhões no ano passado, insuficientes, contudo, para evitar uma queda no faturamento real do setor como um todo, na comparação com os resultados de 2014. Apesar de registrar alta nominal de 7,1%, os supermercados não conseguiram suprir a inflação oficial (IPCA) apurada entre janeiro e dezembro do ano passado, de 10,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda de acordo com a Associação, em 2015 houve um crescimento de 1,2% no número de lojas disponíveis no País. Em janeiro deste ano, a entidade somava 84,5 mil unidades supermercadistas. Entre os ramos de maior destaque está o de autosserviço, conhecido como atacarejo, cujo crescimento em vendas saltou 12% no ano passado, em relação à 2014, influenciado principalmente pela expansão no número de unidades.
"O atacado se favorece nesse contexto pelo fato do consumidor passar a planejar as suas compras. Também tem o fator ligado ao valor dos produtos, mais atrativos nesse canal. Enquanto a frequência de compra diminui - caiu 4,3% na comparação entre 2015 e 2013 -,ele faz abastecimentos maiores e isso exige que ele necessite voltar menos aos pontos de venda", diz a gerente de relacionamento da consultoria Nielsen, Lenita Mattar.
Outro indicador de mercado que acompanha o segmento é o Índice de Confiança do Supermercadista (ICS) dos empresários, que subiu em fevereiro, ao atingir 49 pontos, em um índice que varia entre 0 e 100. Na última medição da entidade, em dezembro do ano passado, o indicador havia registrado 46,2 pontos. Para o diretor de relacionamento da consultoria Gfk, Marco Aurélio, há a perspectiva de melhora a partir do segundo semestre deste ano. No entanto, não deverá ser o suficiente para efetivar a recuperação do setor.
Carrefour lidera
Entre os cinco maiores, um cenário chamou a atenção do mercado no Ranking da Abras. O grupo francês Carrefour registrou em 2015 crescimento acima da média, ao consolidar a receita bruta de R$ 42,7 bilhões no Brasil - alta nominal de 12,6%. O resultado levou a companhia a ampliar a sua vantagem frente ao líder GPA no Ranking do varejo alimentar. Considerando apenas esta operação, o GPA então passaria a ocupar a segunda colocação no Ranking da Abras, com faturamento no ano passado de R$ 40,2 bilhões.
A briga das empresas pela primeira colocação do setor é antiga, desde que o Carrefour perdeu a posição para o GPA, quando a rede ainda estava nas mãos de Abilio Diniz, filho do fundador da Companhia. Antigo controlador do Pão de Açúcar, Diniz foi indicado para uma vaga no Conselho de Administração do Carrefour global. A Península, empresa de investimentos da família de Diniz, detém 5,07% do Carrefour global, sendo a quarta maior acionista.
Veículo: Jornal DCI