As vendas do grupo Carrefour no Brasil subiram 9,9% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015, totalizando uma receita de 2,6 bilhões de euros - R$ 10,6 bilhões. A desvalorização do câmbio não foi considerada.
Ao levar em conta a conversão das moedas, porém, o faturamento da rede no País caiu 12,5%, em relação ao consolidado do ano passado.
Mesmo assim, os executivos da companhia consideram os resultados da operação brasileira como um dos mais significativos, visto o momento pelo qual a economia local atravessa.
Apesar da queda, a filial brasileira tem o maior faturamento entre todas as subsidiárias fora da França.
Para efeito de comparação, as vendas globais do Carrefour recuaram 4,3% entre janeiro e março deste ano, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O volume gerado acumulou cerca de 20 bilhões de euros.
"No Brasil, crescemos em todos os formatos, como hipermercados, supermercados, lojas de conveniência e no Atacadão. Todos continuam mostrando números fortes", afirmou o diretor financeiro do Carrefour, Pierre Jean Sivignon, em conferência com analistas na sexta-feira (15).
No início do mês passado, a companhia analisou que o bom desempenho do País no resultado global da varejista tinha origem em dois segmentos: venda de alimentos e a oferta de serviços financeiros. "Em alimentos, foi muito bom ter comprado o Atacadão e isso nos ajuda agora. O Atacadão continua abrindo lojas e é o coração do crescimento no Brasil", ressaltou o presidente mundial do Carrefour, Georges Plassat, na ocasião.
O setor supermercadista brasileiro, de fato, tem percebido avanços acima da média nas vendas pelo segmento de cash & carry (atacarejo).
Em 2015, esse modelo de autosserviço cresceu 12,1% em faturamento, na comparação com o ano anterior.
Uma pesquisa recente da consultoria Nielsen revelou que 77% dos itens comercializados no atacarejo possuem preços mais competitivos em relação aos hipermercados.
Atualmente, o Carrefour controla 125 unidades do Atacadão no Brasil. No último dia 15, a rede inaugurou uma nova loja em Santarém, no Pará.
"Oferecemos sortimento, eficiência e, principalmente, preços competitivos, reforçando nosso compromisso de ser o melhor parceiro do comerciante e do consumidor santareno", se reservou em dizer o diretor-presidente do Atacadão, Roberto Müssnich.
Prova de que o consumidor tem buscado uma alternativa frente a forte inflação no Brasil é que mais de 50% dos clientes do atacarejo no Brasil hoje são formados por pessoas físicas.
"Houve maior pulverização para esse segmento pela busca do consumidor por preços mais baixos e também pelo fato dele estocar itens no início do mês, quando ele geralmente recebe", diz a analista de mercado Nielsen, Tatiene Vale.
Europa e América Latina
Na América Latina, as vendas do Carrefour totalizaram um montante de 3,45 bilhões de euros, o que representou um crescimento de 13,5% em moeda constante, mas queda de 15,2% em função da desvalorização média de 34% das moedas da região em relação ao euro. A companhia destacou a forte desvalorização do peso argentino e do real.
Já em território europeu, mais especificamente na França, o maior mercado para o Carrefour, as vendas tiveram baixa de 1,8%, para 9,3 bilhões de euros. No restante da Europa, entretanto, as vendas aumentaram 0,9%, para 5,2 bilhões de euros. Na Ásia, onde a rede atualmente trabalha uma reestruturação, o comércio da varejista encolheu 7,1%, o que gerou 2,07 bilhões de euros.
Quando analisado só a China, as vendas recuaram 8,4% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa uma melhora sobre a queda de mais de 15% no quarto trimestre de 2015. "As condições dos negócios permaneceram desafiadoras na China, embora tenha havido sinais de que esforços para restruturação no país começaram a compensar no último trimestre", diz Sivignon.
Veículo: Jornal DCI