Depois de registrar o primeiro prejuízo entre janeiro e março desde 1997, o Grupo Pão de Açúcar alterou os planos e resolveu concentrar esforços na única área promissora, os atacarejos. A meta é obter sinergias principalmente entre as bandeiras Extra e Assaí para diminuir o impacto da recessão na operação.
No primeiro trimestre, a gigante varejista reportou perda líquida atribuível a controladores de R$ 59 milhões, ante lucro de R$ 192 milhões um ano antes. O prejuízo líquido consolidado - que inclui os sócios não controladores - foi de R$ 179 milhões.
Em teleconferência, o presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi, reafirmou que o grupo se movimenta para melhorar a sinergia entre as diferentes bandeiras, como Multivarejo (Extra e Pão de Açúcar), Atacado (Assaí), Via Varejo (eletroeletrônicos) e CNova, além das bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Mini Mercado Extra.
"Com essa sinergia, poderemos ganhar competitividade e ter uma melhor rentabilidade", afirma o CEO.
Parte da estratégia relatada por Iabrudi já começou. Ontem a companhia anunciou a conversão de dois hipermercados Extra à bandeira Assaí.
Força do autosserviço
A decisão de mudar bandeiras não começou com o anúncio de ontem. Desde o ano passado a varejista avalia operações e a força do atacado frente à crise. No primeiro trimestre deste ano, o Assaí reportou crescimento de 36,2% nas vendas, comparadas ao mesmo período de 2015. Além dos dois hipermercados Extra, que passarão a ter a bandeira da atacadista, a previsão é de que sejam inauguradas outras 12 lojas até o final do ano. "O cenário econômico tem levado o consumidor a buscar preço baixo, que é oferecido no segmento atacado", comentou o presidente do Assaí Atacadista, Belmiro Gomes.
A bandeira ganhou importância na participação das receitas do grupo e soma agora 32% de todo o faturamento do varejo alimentar do GPA. Para Iabrudi, a relevância dessa operação pode ser vista no balanço. "O varejo alimentar passou a significar 56% das nossas receitas. Antes, esse índice era de 50%. A previsão é de que esse número aumente ainda mais nos próximos resultados", comentou ele, lembrando que, enquanto o GPA como um todo teve prejuízo, a operação de alimentos cresceu 10,9% no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2015.
Compra conjunta
Além do foco no Assaí, a supermercadista também começará fazer a compra de commodities de maneira conjunta. "Com isso a gente reduz as rupturas e ganha rentabilidade. Todo mundo sabe o custo que se gasta no Brasil com logística", comenta Iabrudi, sinalizando que a onda de sinergia entre as bandeiras vai acontecer até o fim do ano.
Exemplo desse movimento, a Via Varejo, braço do GPA que reúne as operações de Casas Bahia e Ponto Frio, confirmou o interesse em unir os negócios de comércio eletrônico com a CNova Brasil, braço virtual do Casino.
A necessidade de acelerar o processo de sinergia aconteceu após a empresa ter registrado, no 1º trimestre, queda de 56,1% no Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), a R$ 417 milhões, enquanto a receita subiu 3%, quase um terço da inflação no período.
Veículo: Jornal DCI