A greve dos bancários, que entra na terceira semana e 15º dia, já fechou 285 agências na região e está mudando o hábito da população em relação ao pagamento de boletos e faturas. Alternativa às filas nas lotéricas, os caixas de supermercados passaram a registrar aumento no volume de contas pagas pelos clientes no ato das compras. Facilidade, já que a greve avança para regiões com poucos bancos e número reduzido de lotéricas.
Nesta segunda-feira a adesão aumentou para 149 unidades em Campinas — nove a mais que na última contagem de sexta passada — em 20 bairros da cidade, que responde por metade da praça bancária da região, além de mais 136 em 33 cidades da base do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região, que representa 10 mil trabalhadores. No País, a greve nesta segunda-feira atingiu 13.071 agências; 56% do total.
As contas com vencimento nesta terça-feira, dia 20, devem gerar um de pico de 30% a 40% na demanda de boletos pagos nos caixas dos Supermercados ASP, em Valinhos e Vinhedo, conta Amílcar Pavan, gerente de marketing da rede que é correspondente bancário. O fluxo médio é de 1,5 mil clientes por dia e aproximadamente 70 pagamentos diários de boletos e contas de consumo, média que sofre 30% de aumento nos dias 5, 10 e 20, três datas de maior movimento nas transações bancárias. “A procura supera os 40% nos supermercados nos bairros, locais sem agências e lotéricas próximas”, observa Pavan. Correspondente bancário há oito anos, a rede ASP registra demanda para pagamentos de taxas de condomínios, água, luz e títulos de até R$ 1 mil. Só não efetua saque e depósito. “Sempre que há greve dos bancários temos pico nesses serviços”, diz o gerente de marketing da rede.
Nas lojas do Extra, o limite é de R$ 800 por conta, até cinco faturas por cliente. O Extra aceita pagamentos de contas de consumo e boletos bancários, exceto aqueles que já passaram da data de vencimento.
A paralisação dos bancários também reflete no movimento das agências dos Correios. Das 19 em funcionamento na cidade, 15 são Bancos Postais, em parceria com o Banco do Brasil, e registraram um aumento de 35% no movimento diário para alguns serviços. Saques, depósitos e pagamentos de contas de consumo — água, luz, telefone e gás — boletos bancários e tributos são as demandas mais comuns.
O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentada em três rodadas de negociação, que prevê reajuste de 7% e abono de R$ 3,3 mil. O índice oferecido, na avaliação dos sindicalistas, não repõe a inflação acumulada de 9,62% entre os meses de setembro de 2015 a agosto deste ano, e impõe perda de 2,39% à categoria. Criou-se um impasse e a greve vai continuar. A Fenaban defende que a nova proposta vai oferecer uma remuneração superior à inflação prevista para os próximos 12 meses, com ganho expressivo para a maioria dos bancários.
Os diretores do Sindicato distribuíram nesta segunda, 14º dia da greve, carta aberta à população assinada pelo Comando. “A hora é de todos aqueles que sofrem assédio moral, cobrança de metas, ameaça de demissão, mudanças na vida profissional em decorrência de reestruturação e até agora não foram valorizados com proposta decente, pressionar de forma conjunta em todos os bancos e em todo o país. Contra a intransigência dos banqueiros, unidade na luta”, avalia Ana Stela Alves de Lima, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região.
Fonte: Jornal Correio Popular