Carrefour e Casino devem publicar, nos próximos dias, as vendas no quarto trimestre de 2016 e analistas estrangeiros esperam mudanças no cenário de competição das empresas, com forte influência no Brasil neste cenário.
Em relatório a clientes publicado nesta semana, o Deutsche Bank prevê uma desaceleração na expansão do Carrefour na América Latina, e isso deve refletir o aumento de competição, especialmente com Casino no Brasil - além de uma queda da inflação (que naturalmente reduz taxa de expansão em vendas). O banco projeta que as vendas totais do Carrefour na América Latina cresçam 13,5% de outubro a dezembro, versus 16,9% no trimestre anterior. Pelo critério "mesmas lojas" (pontos com mais de um ano em operação), a expansão prevista é de 10,5%, versus 14,2% de julho a setembro.
O Barclays também menciona essas questões da concorrência em seu relatório. O banco espera para o Casino uma alta de vendas "mesmas lojas" na América Latina em 7,5% no quarto trimestre, um pouco acima do estimado pelo Deutsche, que prevê 7%. "Ainda que esta performance confirme a estratégia comercial mais agressiva [do Casino] no Brasil ganhando tração, isto tem que ser visto num contexto de inflação ainda alta no país e ainda está aquém do que prevemos para desempenho de Carrefour (alta de 11% no quarto trimestre)", informou o Barclays ontem.
O Casino divulga as vendas de outubro a dezembro em 17 de janeiro. O Carrefour, no dia 19.Os bancos aumentaram nesta semana o preço-alvo da ação do Casino, com papel negociado na Bolsa de Paris, considerando as últimas medidas de simplificação de estrutura, como a venda de sua participação na Via Varejo.O Bank of America Merrill Lynch (BofA) informou em relatório na segunda-feira que elevou a recomendação do papel do Casino de neutro para compra, com preço-alvo de €54 (preço anterior era €49) Ontem, a ação fechou na bolsa de Paris em €48,81.
O Barclays subiu preço alvo do Casino de €42 para €47 (mantendo recomendação de neutra), considerando expectativa de um maior ganho por ação. Segundo a equipe de analistas do BofA, formada por Xavier Le Mené e Kiranjot Grewal, a recente medida de simplificação da estrutura acionária do Casino deve se traduzir num aumento "substancial" do ganho por ação, dizem.
As medidas mencionadas como decisivas para isso são o fim da Cnova NV (a operação da Cnova relativa ao Brasil deixou de fazer parte da Cnova no mundo e está se integrando à Via Varejo) e a venda da participação do Grupo Pão de Açúcar na Via Varejo, como já anunciado pelo grupo em 2016. O processo está hoje em andamento. Segundo o banco, esse movimento de simplificação deve ser finalizado em 2017, com expectativa que o Casino volte seu foco apenas para a operação alimentar. "Embora conhecido [o plano de simplificação], acreditamos que isso não está capturado no preço da ação e não está refletido no consenso atual [do mercado]".
Em outro relatório, também desta semana, a equipe de análise do Deutsche Bank avalia que a futura venda dos negócios da Via Varejo pode ser positiva para os resultados do Casino. Considerando que o Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo Casino, iniciou o processo de venda da Via Varejo, o banco espera que esse ativo seja descontinuado dos resultados. GPA é sócio da Via Varejo e seus números têm impacto direto nos resultados finais do Casino.
A expectativa é de vendas globais (tirando Via Varejo) crescendo 8,7%. A saída da Via Varejo da operação deve gerar um acréscimo de 8% no lucro por ação do grupo em 2017 e de 6% em 2018, calculou o Deutsche. Na França, o banco espera que as vendas "mesmas lojas" do Casino subam 0,5% no quarto trimestre, versus queda de 0,6% no segundo trimestre, liderados por Monoprix e melhora no segmento de hipermercados. Já para o rival Carrefour, o banco prevê, na França, vendas "mesmas lojas" (e tirando combustíveis) crescendo de 0,7% versus 1,2% no trimestre anterior.
Por Adriana Mattos
Fonte: Valor Econômico