A proximidade da temporada de datas comemorativas com grande impacto para o comércio no primeiro semestre, como é o caso da Páscoa, começa a fazer efeito sobre o humor do lojista de Belo Horizonte. Com expectativas de melhorias nas vendas nos meses que estão por vir, os empresários do varejo da capital mineira se mostram mais confiantes quanto ao futuro da economia.
Em março, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), medido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), fechou em 88,5 pontos. Apesar de ainda apontar insatisfação do setor, o indicador subiu 4,9 pontos frente a fevereiro, aproximando-se do patamar otimista, que figura acima dos 100 pontos. Entre as empresas com mais de 50 funcionários, o sentimento já é de confiança por parte do setor: 103,15 pontos.
"Um dos itens avaliados pela pesquisa é a expectativa do empresário, que foi um dos indicadores que obteve a melhor evolução para o mês de março. E, pelo menos para alguns segmentos, realmente se espera um grande impacto com as datas comemorativas como a Páscoa e o Dia das Mães. Mas temos que tomar cuidado para não generalizar, porque são datas que envolvem alguns segmentos apenas", explica a analista de pesquisa da Fecomércio-MG, Elisa Castro.
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), um dos três que compõem o Icec, ficou em 127,2 pontos em março, 10,7 pontos acima do valor apurado no mês anterior. Empresas de todos os portes apresentaram uma perspectiva otimista para os próximos meses. Do total de entrevistados, 72% projetam que a economia brasileira irá melhorar, praticamente o mesmo percentual daqueles que acreditam em um incremento do comércio. Quando questionados sobre o futuro da própria empresa, 76,4% apostam em um cenário mais favorável no futuro.
Outro componente que ajudou a elevar a confiança do lojista belo-horizontino foi o Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), que subiu 5,7 pontos e encerrou o mês em 61,8 pontos. Mesmo assim, o indicador, distante da linha divisória dos 100 pontos, ainda retrata um quadro pessimista. Prova disso é que para 77,5% dos varejistas a condição atual da economia nacional piorou em março. Com relação à situação do setor, 70,8% também afirmam que houve deterioração.
Elisa Castro avalia que a melhora em alguns indicadores macroeconômicos ainda não foi suficiente para alterar o cenário atual. No entanto, a analista de pesquisa da Fecomércio-MG explica que eles são a razão do crescimento das expectativas que vêm movendo o setor, que, a médio prazo, deve começar a reagir.
"Temos alguns indicadores econômicos que mostram uma estabilidade e um cenário que, em longo prazo, deve favorecer o consumo. Com esses índices, além da renda extra gerada com a liberação do saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - que deve ajudar a melhorar a condição das famílias -, em médio e longo prazos as pessoas vão se sentir impulsionadas a consumir, e isso vai ajudar o comércio", destaca.
Investimentos - A intenção dos lojistas em realizar investimentos no próprio negócio, porém, ainda permanece baixa. Em março, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) encerrou em 76,4 pontos e foi 1,8 ponto menor na comparação com o indicador de fevereiro (78,2 pontos). As empresas de menor porte, com até 50 empregados, são as menos propensas a promover melhorias.
Dentre os estabelecimentos que participaram do levantamento, 67,9% admitiram ainda que podem até reduzir o quadro de funcionários, confirmando as projeções de especialistas de que o desemprego deve continuar alto em 2017.
"A gente vem de um cenário de instabilidade, e os empresários estão com dificuldades financeiras, passando aperto desde 2014. Então, mesmo com essa sinalização dos outros índices, o empresário ainda não está confiante para investir na contratação de funcionários, na loja e em novos produtos", completa Elisa Castro.
Fonte: Diário do Comércio de Minas